sábado, 26 de fevereiro de 2011

Tarde


Nada melhor do que simplesmente fumar na janela do meu quarto, olhar as paredes dos apartamentos alheios e vagar nos céus que eu não enxergo.

O silêncio das 4h da madrugada.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Era.

Choro para sempre, a perda do que não foi.
O gosto desconhecido, o rancor não dito.
A risada perante a comida queimada, que não foi assada.
A preguiça de arrumar a cama amarrotada, cheia de sexo, que nem foi usada.
A mordida e a cócega dilacerante, que eu nunca gritei para interromper.
O pedido para trocar de posição e aliviar as pernas que estariam dormentes.
A exaustão completa até a perda da fala que tu me darias.
O repouso em meu seio na madrugada que nem anoiteceu.
A piada sem graça que nunca ririas.
A nossa fuga completa para o inexistente.
Para nós.

Derrete


Calor extremo
chega a colorir.
vejo o amarelo mofado
o broze de sal.

Luz demais,
vento insuficiente.
Barulhos -
moscas no meu quarto.

Pó que voa,
baila dentre a janela...
Espetáculo aqui;
lá, gruda na suada
pele, porra, singela.

Cabelos desbotados,
vermelha pele
descasca.
Escassa água
molengadeira.

Perdi
té consciência.
Goteja laje,
enobrece a safadeza.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Abrir fechar, bocas a mais.


Tão fugindo, todas as palavras
Tão qual é a rota precavida
É tua estrada.

De cor é
letra da música,
composta de ti.

Pior pra mim,
sem memória
Para repetir...
dos teus lábios sábios.

Minha última canção.

Uni,
as frases nossas.
Sem vergonha mais.

Não pergunto,
nem toma a resposta.
Pois nada restou além
De um toque de beijo.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Elo perdido



Meu querido amigo a quem canto de dia
Sonho sábio da noite
Suspiro de entardecer.
Vejo teu rosto vazio de tanto tormento
E me puxo em dizer
Que nada é mais breve que o sono
Igual ao conforto
De não me ceder.

meu quarto


Quatro paredes e mais tetos do que deveria.
É presa, é um pouco sujeita a miséria de espírito
Que entrego todos os músculos por que
Tangos de música e tanto jazz não sustentam.

Mude-me,
Pois a mobília não foi suficiente.
Pegue-me,
Pois o chão não salvou nem o passo confiante.

Escrever não é o bastante,
A solidão me cabe mais quando deito
E abro
Cada verbete que escondi por trás da língua.

Água jorrada na fronha amassada
Atormenta minha cabeça.
Falei de nós, tão rouca em prol
De sanidade perdida.