segunda-feira, 28 de abril de 2008

My fair lady


Estressantemente eu tenho mais de um homem em minha vida.
Não que seja de todo mal afinal essa história de monogamia enjoou-me desde a década passada.
Além do mais, tenho que aproveitar o que resta do meu corpo jovem... sugar ao máximo.
Se hoje tenho 3, 4 ou até mais em cima de mim... Em dez anos talvez eu que esteja em cima de apenas algum.. ou até de meio algum.

Bom, digamos apenas que eu gosto de muitas coisas, contudo nenhum homem conseguiu saciar todos meus requisitos. Nada mais óbvio do que procurar o número que for de homens para cumprir esse dever.

Talvez alguém se pergunte se eu não fico ociosa de alguém decobrir meus segredinhos... o mais curioso, é que geralmente eles sabem.
Uma vez levei um soco na cara que me deixou 2 meses fora de circulação por causa do olho roxo.
O meu homem n° 3 logo ficou sabendo da história e tratou de se vingar.
Não sei exatamente o que ocorreu a aquele estúpido imbecil, apenas não o vi mais, nunca mais em algum dos bairros que frequento.

Não que eu seja uma deusa, falando fisicamente... eu dou pro gasto sabe?
Cabelos negros até quase a cintura, pele alva, lábios rubros e uma pequena pintinha acima deles do lado esquerdo. O que eu canso de dizer às minhas amigas é que o segredo não é o que tu fazes, e sim como o fazes.

Experiência sempre ajuda, algumas dicas também... mas o jogo de cintura e o remelexo, ah, isso tem aquelas que podem até tentar aprender. Eu digo que tem que assim já nascer.
Não se segura homem pela barriga... até mesmo se a minha for perfeita.
Para segurar um homem, realmente é preciso saber segurar no lugar certo e da maneira mais libidinosa.

Eu afirmo, eles não se importarão de tu te encontrares com outros.. desde que tu faça o melhor serviço que eles já receberam.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Rodopiar?


Gemo para um garoto desconhecido
e minha boca dura de censura
boceja de tanto esperar.

Quem diria que o azar estaria no meu cangote
justo na noite onde tudo pode,
Afinal...
Quem mandou pegar o primeiro que viu
pra fazer um "saravá"!

Só falta eu ter de pagar
por um quartinho chinelo
do motel mais perto
e ele nem me fazer gozar.

E olha que ele me pareceu bem apessoado.
Bom ator ele é, isso é fato.
Eu que fui e sou burra
e sempre no fim da noite preciso de alguma ajuda.

Garoto igrato
mal arregaça minhas pernas
e já terminou o que achei ser um ensaio.
Veste as calças, mal olha pra trás e deixa a porta aberta

A única dúvida é se dou uma trégua,
ou não desanimo e volto pro bar.
Se for, dançarei como uma louca
e ainda arranjo um macho que me faça gritar.

domingo, 20 de abril de 2008

Santa imaculada


Ela é o tipo de mulher que dorme sempre nua,
enrola-se num lençol
apenas suas costas e coxas a mostra tão puras.
Essa pele pálida, reflexo de pouco sol.

Num calor insuportável...
suor dando brilho lustroso nos braços
reborquiando de um jeito palpável.
Só observo, querendo dar-lhe um enlaço.

Só uma mulher pode ser tão calculada!
Tamanha beleza.
Eu sigo tua tez esplêndida, cálida
perco-me em ti sem nenhuma certeza

Mas como é que ela costuma fazer mesmo?
Ah, cada movimento e passo...
Ama-la é o único jeito
de tirar-me desta forca em que me entravo.

Cada centímetro imaculado
Causa-me tantos estragos...


terça-feira, 15 de abril de 2008

escoa ar


Enquanto eu colocar o livro na estante
e divagar por um instante
Nada passará por nuvens brancas
Só um retrato da velha infância

Eu acordei, eu inventei
um improviso novo.
Só um esboço de um outro rosto
refrestelando na minha má vontade.

E volta e sai,
me bate um pouco mais.
Dispenca a senha
entorna o cais
e vai correndo, Chorando sais

domingo, 13 de abril de 2008

Formato


Violão na mão dele
indelicadamente.

Como se segurasse o corpo da ex amante.
Ele acaricia e amacia,
torna afinado e depois desafina
inacabado como antes.

Tocando as cordas
puxando e soltando.
A boca ao microfone bufando
enquanto ele transpira.

A precisão nas mãos
tremelicando dedos nas curvas amadeiradas.
Olhos chapados,
baixos
como estavam depois de seu último orgasmo

Solta um grito abafado
que mais parece um gemido fingido.
Roça o objeto por todos os lados
depois esquece a noite que teve comigo.

Afinal, meu corpo nunca foi violão,
tava mais pra pêra.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Assentados


De uma forma totalmente displicente desço a ladeira de minha rua quase correndo. Esquecendo a saia curta e o vento que nesse momento transforma-se em leves rajadas.
Atravessando ruas e olhares de taxistas, chego a minha parada de ônibus.
Por um motivo óbvio, todos olham para mim.
Por que não nasci com pernas finas?
Ao mesmo tempo que balanço uma delas, puxo a saia para baixo tentando chamar menos atenção, o que piora a situação.

Após uma eternidade(para quem está atrasado) de espera, subo no ônibus e atrapalho-me toda no momento de passar na roleta. Quando eu consigo passar, o motorista dobra em uma curva fechada... jogando-me de um lado ao outro do transporte público.
Finalmente sento, numa daquelas cadeiras que ficam de costas para o motorista bem perto da porta de saída.

Tem um gordinho do meu lado lendo um livro imenso bem concentrado... já eu com dor de cabeça prefiro ficar futricando na imagem dos presentes da cena.
Certamente sou má interpretada por que estou sempre observando feições e peculiaridades.
Mas o que me chamou atenção foi uma gordinha ruiva que parou do meu lado logo a frente, bem na saída.
Ela e outro cara magrelo começam a ter aquelas discussões políticas que todos fazem a todo momento. Aquela tonalidade de exasperação e revolta explodindo no peito bufante.
A reclamação da ruiva é feita de forma mais exagerada, pois me parece que o problema atinge o seu salário... claro, o que é nosso sempre é mais importante do que é público.

De repente o gordinho ao meu lado larga a sua leitura e começa a prestar atenção na tal ruiva falante. Fixa o olhar de uma forma até brusca, sem vergonha alguma. Tá, talvez ele ache ela inteligente ou ache que ela está falando perfeitas idiotices e acabará se metendo na conversa.
Agora até eu presto atenção pra entender o final da história.

Ela subitamente para de falar, talvez tenha percebido que havia curiosos observando-na.
Eu baixo o olhar e disfarço.
E logo percebo que o gordinho não baixou o dele nem disfarçou.
Acho que eu estava enganada. Deixarei eles se olharem o tempo que for necessário.

O ônibus ficou mais apertado e chato. Então comecei a imitar o gordinho e olhar alguém. Fixamente.
Quem sabe o olhar de um ruivo retorne.