quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O tal ruim


Nos últimos tempos, enquanto as estações passavam, eu parei de escrever.

Agora eu preciso pregar meus sádicos momentos em palavras que permanecem para sempre. Para o meu bem. Para respirar um pouco mais e abertamente como se tivesse cheirado vick até desobstruir o cérebro todo.

Minha tragicômica realidade no último inverno, primavera e início de verão foi melodramática e "enozada"... Como barbantes de pipas antigas... Irritantes, nostálgicos e prestes a trazer um novo prazer.

A cada ano que passa eu preciso ter alguma decepção, do contrário a satisfação geral me causa algum desconforto. Eu costumo esperar por algo de ruim, e quanto mais espero, pior se torna o tal ruim... Que ele venha de uma vez! O meu tal ruim dos últimos tempos deixou-me tão pasma ao ponto de me afastar da poesia e das escritas. Foi surpresa decepcionante de como as pessoas não são o que vemos. Nada que me traumatize para sempre, afinal cá estou.

Nesse meio tempo, achei que estava apaixonada três vezes; quebrei a cara algumas vezes mais e me diverti de forma incontável. A forma de escape para a grande maioria das lamentações foi dançar. Acho que nunca o fiz de maneira tão vistosa, chamando olhares para perto. Olhares de depreciação, sexualidade, estranhamento e por momentos até inveja.

Por outro lado, acho que acabei engordando. Como sempre, faço dietas que não existem. Ou existem por dois a três dias: Segunda, terça e ligeiramente quarta. Não que eu me preocupe em demasia, por que pelas ruas não costumo ouvir comentários negativos... Porém existem os pais para sempre lembrar como o filho é imperfeito. Eles sempre fazem isso, lembram 80% das vezes das falhas, 10% dos acertos e 10% tentam esquecer dos filhos. Os meus gostam de me dizer que estou gorda, comprando propositalmente roupas menores do que minha numeração para obrigar-me a emagrecer.

O meu ano já está acabando, com grandes progressos. É, até que foi divertido. Eu beijei tanto o quanto eu queria, em mais bocas do que deveria... Dormi demais, exatamente como eu adoro fazer. Minha vida sexual não costumo comentar em textos biográficos, contudo, a vida é boa. E como meta para o ano que vem, procurarei um tratamento para a melhora da memória e da minha falta de atenção em situações necessárias.

Não gosto muito de escrever conclusões, elas sempre têm o mesmo tom. Então só digo que eu continuo a mesma: mudando constantemente para tornar-me cada vez mais inconstante.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Fever



Charlotte era quieta e recatada, morava com sua família rica e aparentemente perfeita. A história dela era chata como a de tantos outros perdidos por ai. Sua distração eram as aulas de piano com uma professora gorda, calçada em saltos amedrontadores.

Numa tarde de outono, quando estava a caminho de sua aula musical, recebeu uma ligação com a notícia de que sua querida educadora tinha torcido o pé devido a um desequilíbrio. Ao invés de virar seus passinhos em direção à sua casa, preferiu andar até o shopping mais próximo de onde ela se encontrava. Sozinha e entre lojas... Começou a tocar a música “Fever” na voz de Madonna. Ela já tinha ouvido falar em alguns outros títulos como “Like a Virgin” e “Material Girl”, ou seja, assuntos polêmicos de mais para a sua cabecinha.

A música do shopping dizia algo como: “Você me dá febre quando me beija, febre quando me segura apertado. Febre pela manhã, febre por toda a noite.” Para Charlotte, ao pensar em febre, só lembrava das noites de gripe, com seu nariz vermelho e a mãe trazendo um Vick Pirena para algum alívio. Febre é ruim – pensou a mocinha de forma levemente descompassada.

Perto da praça de alimentação, havia um casal que se beijava animadamente. A garota, loira platinada, mal encostava seus pés no chão, e suas orelhas e maçãs do rosto estavam muito vermelhas. Enquanto isso, passava uma velhinha indignada com a cena e resmungando que a menina tinha a face pegando fogo, que parecia coisa do diabo.

Diabo, fogo, febre, vermelho... Tudo mais parecia pecado mesmo, mas a platinada na ponta de seus belos pés não parecia nem um pouco preocupada. Até por que tudo parecia muito simples e divertido. E lá vem a Madonna de novo afirmando para a jovem Charlotte que não existe escapatória:

“Todo mundo pega a febre
Isso é uma coisa que você deveria saber
Febre não é coisa nova
Febre começou há muito tempo”

Com o rosto ruborizado de vergonha, nossa personagem entende que esse tipo de febre vem de amor e/ou paixão, que não há muito controle, pois se espalha feito vírus. Talvez mais tarde ela entenda que se não se cuidar, e se deixar levar... O corpo pode não agüentar e acabar chamuscado de tanto que pegou fogo.

Se tudo isso é praticamente inevitável, pelo menos uma vez na vida, Charlotte agradece: Que modo amável de se queimar!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Espreitando


Ela é minha inimiga.
Ela é mais do que eu de alguma maneira.
Eu estou invejosa da que chamo de vadia.
Eu desejo vê-la num futuro insatisfeita.

Eu praguejo,
Eu blasfemo,
Eu simples e puramente
do fundo do meu peito a odeio.

E eu mal a conheço...

Ela tem sorriso falso,
lábios finos...
Sempre duvidei dos desbocados
Que parecem mentir desde o início.

Num corpo de belas formas
E roupas bregas a meu ver,
É tanta insinuação que ela transborda
Que eu até finjo ser blasé.

Desculpa o preconceito,
Mas acho horrível aquele cabelo crespo.
Acho que o problema é o mau cuidado
De volumosos cachos tão desbotados.

Sei que pareço uma recalcada...
E talvez seja infelizmente.
Mas não é feliz nem amada
Quem não desabafe ou tente.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Falso preenchimento


Um garoto vazio em emergência brinca e fala besteiras para afirmar como tudo parece bonito.

Quis tirar ele da mente e deixa-lo morrer, mas não é o meu desejo... Por que assim não me sinto sozinha, afinal há alguém em estado mais decadente do que eu.

Eu só sei o que eu não quero, e isso eu aprendi com os erros dele.

Quero mais valor nas poucas coisas que me constroem e poder dizer sentimentalismos sobre amor. Por que ele deve ser bom de alguma forma.

E essa dependência de alguém tão desprezível faz uma ânsia aumentar incrustada nos ossos do peito.

Sou tão fraca que acabo sempre dizendo “venha aqui garoto”, já pensando no meu futuro arrependimento.

Tudo faz parte de uma ilusão de um aconchego momentâneo, onde dois vazios acabam se preenchendo.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Confesso não poder confessar-te



Tudo anda me levando pro ponto de partida.
Tava dando tantas voltas que até tontiei.
E eu que sempre amei escrever, fiquei muda dessa vez.
Eu briguei aqui em casa... por motivos que só eu sei, só eu sei.

Todas as pessoas têm problemas e demoniozinhos internos.
Como não os mostrei a ninguém,
Cabe a minha pessoa enfrentar certas conseqüências.

Disseram-me: Não quero mais corroer por dentro com mentiras, esconde-esconde, dissimulação, fingimento ou seja lá o que for.
Tô de mentirosa na história, pois já menti antes.

Não culpo ninguém, nem a mim.
Sou vítima, se me permites falar;
não entendes, pois não explico-te.

Assim permanecerá, já que não consigo nada confessar.
Minha dor será só minha,
e se precisamos de uma separação
chorarei sozinha e tu chorarás sozinha.

Desculpe-me por ser tão fria
Não é nada pessoal.
Talvez um dia tu entendas
que minha cabeça é mais complexa do que deveria.

Admito covardia e egoísmo
pois meus distúrbios sufocam-me a ponto de esquecer-te.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Escolhida.


Com tantos defeitos. Entre os mais belos e ricos pareço diminuída.
Mas aindá há os admiradores contantes,
Sou Lisbôa.

De todos os tantos, nasci o mais traiçoeiro. Com um poderoso veneno que ataca por trás. Poderia ser duplo como Gêmeos, ou indeciso como Libra. Porém sou Escorpião.

Nas estações, comemoro anos na mais colorida e irritante de todas. Espirro contra o pólen e tanta simpatia da natureza chega a entediar. Queria tanto o outono, ou até o inverno... mas fui mesmo na primavera.

Sou mulherzinha e tenho que fazer xixi sentada. Como homem não me preocuparia tanto com o amor. Infelizmente sou XX.

Entre os elementos, dizem que sou água. Pena que não gosto de praia e não tomei gosto pela natação. Até parece que sou fogo, com um diabinho sempre me perseguindo. Melhor mesmo seria o ar para me libertar e voar longe.

Apesar dos candidatos Laura, Raquel e Melissa, escolheram Júlia, o meu preferido.
Não teve versões masculinas.
Mamãe sabia que seria uma menina.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A história de Sophia [2]


Muitos já viram ou ouviram falar sobre o filme “Aos 13”, onde adolescentes se perdem e depois tentam com muita dificuldade se achar entre um quarto bagunçado. Meu momento de perdição coincidiu com o abordado no filme, da mesma forma que perdi bastante tempo para uma luz no fim do túnel aparecer. Não me droguei nem virei promíscua. Eu virei um vazio contínuo que me matava e não queria ir embora. Eu perdi a única amiga que tinha, eu vi minha família se desfazer, eu tive problemas com notas do colégio e me meti em encrencas. Não me chamo de típica adolescente por que adolescentes são os seres mais instáveis e mutáveis que já vi, são algo de total atípico.

Uma das coisas que eu mais queria era deixar de usar óculos. Eles me incomodavam por demais. Com 13 anos eu já tinha deixado de lado as malditas cordinhas, afinal não gostaria de ser a gozação de jovens sedentos por atos maléficos. Eu me achava muito feia com aqueles aros estranhos que faziam o meu nariz coçar, eu sabia que nenhum guri queria me beijar por causa daqueles aros. Então eu comecei a ir sem eles para as festinhas do colégio, e eu nunca soube se algum guri me olhou com alguma segunda intenção, até por que eu não enxergava a um palmo à minha frente. Esse trauma foi grande, apesar de muitos acharem engraçado, e só aos 20 anos eu comecei a gostar de usar óculos. Não, eu não passei como uma cega durante todo esse tempo; aos 14 anos ganhei minhas primeiras lentes de contato e fui em várias festas de gala com toda a confiança que eu queria ter. Lembro que os caras achavam que eu era mais velha e não acreditavam quando eu dizia ser tão nova. Achava aquilo o máximo e nem percebia que eu poderia me aproveitar da situação, eu realmente era ingênua.

Desde a primeira série eu costumava gostar de alguém, às vezes um por dia ou por semana... Mas no ano das lentes de contato, eu me encantei pela primeira vez e recebi a primeira promessa de um telefonema no dia seguinte. Foi em uma festa de alguns amigos da minha mãe e eu era a única “novinha” presente. Claro que todos os homens olhavam muito para a minha pessoa, cabelos presos em um coque, um vestido verde água sem mangas e as pernas de fora. O papo da festa foi a surpresa de descobrirem a minha idade, chegava a me irritar essa importância de números, NÚMEROS. Então quando fui pegar um copo de refrigerante, acabei sendo grossa com um cara que me oferecia uma cerveja. Voltei à sala principal, sentei de cara amarrada e o tal cara sentou do lado perguntando se eu tava braba. Disse que não, que era só uma dor de cabeça passageira.

Ele tinha 21 anos, eu 14. O nome dele é Paulo e descobri que meu pai era chefe dele. O interessante é que foi uma tremenda coincidência e ele não conhecia quase ninguém da festa, muito menos a minha mãe, separada a muitos anos, que tava ali quase de penetra. Falando na minha mãe, ela ficou bêbada e eu tive que ir embora... deixando pra trás um número de telefone e um rosto na cabeça.
Viajei no dia seguinte sem receber o telefonema e passei quase um mês com um recorte da revista mensal da empresa onde meu pai trabalhava. Ali mostrava os estagiários novatos, entre eles, Paulo.

Pena que ele era muito mais velho e só tava brincando comigo. Resolvi fazer charme e esnobar. Eram lindas as caras que ele fazia quando eu caprichava na produção e fingia não enxerga-lo. Meses depois eu o vi em uma festa e dancei até quase desmaiar pensando que assim mostrava alguma satisfação. Ele não agüentou até o fim e me pegou pela cintura cochichando no ouvido por que eu tava fazendo aquilo com ele. Naquela noite aprendi a dançar em conjunto do corpo de um cara chamado Paulo, dei um tchau e virei as costas.

Não vi mais ele, deve ter sido demitido. Pra falar a verdade, vi-o sim... Esse ano, numa rua do centro.
Ele engordou muito.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

A história de Sophia [1]


Minha mãe resolveu me dar esse nome, Sophia, por que achava bonito a filha estar associada com inteligência, sabedoria. Infelizmente eu não tenho orgulhado o sentido do nome e nem lembrado das mazelas da minha mãe.

Tive um dia inútil devido a uma tremenda dor de cabeça, palpitante desde ontem à noite. E o mais irritante foi que eu queria não ser tão inútil hoje... Ressaltando que eu preciso admitir que meus últimos dias permaneceram entre a cama e a televisão tão vergonhosamente. É essa coisa de férias e de dizer que não se tem o que fazer.

Pra culpa tentar desinflar um pouco, quando a minha mãe pôs os pés dentro de casa, fui direto em direção dela e dei um abraço... Dizendo: “- Tava com saudade de ti.” - Não é pra parecer boazinha nem nada, até por que eu não costumo ser assim, foi um impulso de alguém que se sente mal por algo que nem sabe direito o que é.

Lendo de novo o que eu escrevi até aqui, fico dividida se me acho fútil, metida ou se me chamo de coitada. Só que sinceramente eu sou só complicada e as vezes começo a filosofar de mais coisas que não importam... E a “Sophia” que é bom nada... Sempre gostei de escrever e tentar ser criativa. Parecer ao menos! Desde a época da escola sou assim, tentando parecer. É que eu era do tipo nerd de óculos com aquelas malditas cordinhas que mães colocam pro filho não perder o dito cujo. Ninguém queria ser meu amigo de fato por que eu era muito entediante aparentemente. Foi ai que eu comecei a tentar parecer, foi onde tudo começou, inclusive tudo que fosse óbvio.

A maioria das crianças são simples. Elas brincam e imaginam coisas que não existem, tem as certezas mais absolutas do mundo por que elas mesmas as inventaram. Eu era tímida e imaginativa também, com o diferencial de ter sempre dúvidas complexas. Eu não era como as outras e isso não me ajudou na chegada da adolescência também.

Minha mãe me acha problemática hoje; eu acho que fui libertada e que antes eu era alguém com problemas. Ah, não falei ainda do meu pai. Ele é bem amoroso, mas protetor demais pro meu gosto, e discorda em quase tudo o que eu penso. Ele não sabe disso por que eu sei disfarçar bem, porém meu limite parece que pode estourar de repente sem aviso prévio.

Minha melhor amiga lê quase tudo o que eu escrevo, inclusive esse texto enquanto ele está sendo feito... E ela ta me mandando parar de mentir e dizer logo o que ta chicoteando meus nervos.
Observação: Eu não menti, só não direcionei o texto pro ponto que eu quero... Ainda.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Barco de papel


Eu sumi pra sempre

neste vasto mundo.

Tô num barco de papel

no meio do oceano azul profundo.


Tô fugida daqui e dali,

envergonhada.

Por que depois de muito entendi

que eu parecia uma piada.


Eu tô bem sumida

Pra não topar com peixes traiçoeiros

Mas a minha mãe ainda quer que eu invista

numa vingança no velho estilo espreiteiro.


De momento

fico no barco ao vento...

quieta e remando enquanto canto


Aqui ninguém tem o direito de falar

e xingar o meu desafino.

Já que deixei tudo para trás

eu devia considerar-me um ser mais digno.


É, eu tô numa maré que vai e volta.

Logo ouço de novo

a voz da minha mãe que solta:

"Sabia que voltavas pra discutir o que eu tinha proposto."

domingo, 20 de julho de 2008

4 letras


Por que és tu e eu e não nós?
Poderiamos ser dois.
Ou um.

Eu tô só no lençol só
pensando no pecado que seríamos
e todos criticando a beleza do nosso ser.

Eu sorrio de mais olhando pra ti,
pulando e rodando cheguei a gemer.
E nada de você.
Nada.

To cansada de ferver
e me fantasiar de paetês.
Agora já é só teu nome
que me dá tanta fome.

Meu nervo rígido
nas noites tá sozinho.
Meu passado pervertido
não me aquieta nem nas noites de extremo frio.

O meu amor pulsa até querer explodir veias
estilhaçando meu silêncio em palavras suicidas.
Tô perdida,
se notares minhas face ficar vermelha.

Não deverias ser meu e nem fostes mesmo.
Sou defeito agudo
que fica de cama enfermo
e nunca, nunca sairá do coma profundo.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Tão casual


Tem um cara que eu chamo toda a semana pra passar lá em casa, por que eu não aguento mais do que uma semana sem sexo.
Da mesma forma que eu uso o corpo dele, ele se diverte comigo.
E gritar e gemer perto da janela é o mais incrível, pensando em todos os vizinhos atônitos de um jeito desprezível.

Atiro as chaves da sacada e o recebo enrolada numa toalha... alguns hábitos já tornaram-se corriqueiros.
Vamos até a cozinha para beber uma das garrafinhas d'água geladíssimas, damos alguns amassos em cima da mesa e eu ainda tento segurar a toalha.

Mas prefiro o bom e velho quarto confortável, onde já passei por vários causos.
Não gosto do sexo mais sexy, prefiro aquele que um abraço e cócegas me fazem rir e abraçar ainda mais.
Ah! Implorar por piedade já é rotina... Como sofro na cama! Sempre acabo presa por algemas e hematomas por todos os lados.
E ele ri da minha cara quando eu mostro os estragos... "Quem mandou ser tão branca e sensível?"

Me trazer ao gozo é tão fácil que acabo repetindo a dose dúzias de vezes.
E a cara de prazer dele me satisfaz pois ele não cansa de me satisfazer.
Depois do sexo, dormimos juntos, abraçados.
Coisa rara hoje em dia.

Algum tempo se passa, o frio chega, a gente se tapa... E o ciclo de risadas começa de novo e naquele momento ele me basta.

Adoro ele andando nu pelos corredores e o jeito que ele se olha no espelho.
Ele virou o tipo perfeito: na rua um amigo, na cama um parceiro.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Entre vidraças


Sentada na cama enxergo o meu vizinho,
só uma vidraça me cobre.
Então uma peça de roupa tiro
e a janela do vizinho parece tão enorme.

Há velas no meu quarto
iluminando a pele nua,
há só os cabelos curtos batendo na nuca
enquanto meu vizinho disvirgina o seu tato.

A penúmbra da noite
aquece a minha palidez
e o músculo dele é pura rigidez.
Tudo se faz à nossa fronte.

Algo me diz que isso é puro perigo,
mas em casa sobre um teto, um abrigo;
eu me abro de toda,
eu bebo até ficar zonza.

O olhar concentrado dele desvia
e outra luz da casa acende.
É a esposa e a filha
que chegaram mais cedo infelizmente.

Eu deço as escadas para o jantar
e depois farei o dever do colégio.
Tudo assim que tirar a malícia do ar
e a vontade de ir pro inferno.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Eu sei que alguém entende




Pensei só coisas descartáveis na madrugada. Tudo bem, há aqueles que pensam que minha vida só é feita de coisas vazias mesmo.
Descobri que a palavra "opa", além de saudação, também significa "avô nas famílias germâncias".
Mudou a minha vida.

Há aqueles que pensam que eu penso ser onipotente. Ó, tão mesquinha eu sou, então não entendo como podem pensar algo assim de mim! Estou mais para ridícula e pão-dura isso sim.

Talvez digam que eu vivo de mesmices. É eu gosto de repetir o que me faz bem.
Mas nem tudo está perdido, as crianças que eu seguro no colo em uma creche carente já me dão roupagem nova e fome de fazer.

Infelizmente eu sonho mais do que faço, sou própria dos sonhos.
No inconsciente mais ciente de todos, um brilho ofusca o ato, causando um asco profundo quando eu percebo que tudo não passou de ilusão.

Eu fico quieta nas horas erradas, eu falo demais quando não devo.
Eu confundi algumas pessoas e eu vejo que não era esse o meu desejo.
Só queria que entendesse que sei calar quando é preciso.

Perdi oportunidades e amizades numa ingenuidade de pensar que o mundo ainda escolhia os especiais. Só depois vi que especial é aquele que consegue encontrar alguém identificável num mundinho controverso a todas as espectativas severas.

Num momento só, após escrever o dito, lembro dos meus inimigos...
E talvez o que eu falei, pensei, foram só respostas ao que me julgou precocemente, jogando as toalhas na minha cara sem nem o sinal ter tocado.

Relato de uma noite sóbria


Se não fosse a falta de grana, eu sairia com mais freqüencia nestas noites de porto alegre. Já andei por muitos bares por ai, e sempre ganhando alguma cerveja de graça de algum cara tentando ser engraçado ou algum amigo boa praça.

Eis que nesse último sábado compareço a uma festa no madrigal, famoso putero da farrapos, onde até a entrada é por trás... Digo!

Hm... não vi nada de tão escabroso e surpreendente. A esquina da rua de trás, sempre foi tomada por travestis e mulheres, ou só travestis mesmo, que eu costumava visitar de carro nas madrugadas chatas e entediantes da cidade. Eis que via algum(a) negão(ona) com uma bunda tão redondamente grande quanto a da mulher melância. Meus amigos gays e eu gritávamos: BEYÓÓÓÓÓNCEEEEEEEEEEEEEE!!!!!!!!

No entanto, havia apenas um travesti na esquina, nesse sábado. Pensei que o resto deveria estar dentro do putero.

Após meia hora de uma grande fila, eu entro na brilhantina da noite e logo avisto os famosos "queijinhos". Há tempos atrás, tinha dançado nesses acessórios de palco enlouquecidamente com minhas amigas, algumas fotos comprovam. Na ocasião tiveram aqueles que pediram mais e outros que acharam o show fraco... Mas então, tive a desculpa de estar apenas brincando e de estar bêbada. Raras vezes me deparei com bêbadas realmente sexys.

O engraçado é que no sábado eu não estava nada bêbada e nada sexy, o meu vestido ia quase até o chão. Eu não estava me importando com ninguém naquela noite na verdade, e vesti o que eu vi primeiro no armário... A infelicidade foi quando um cara, que eu pego de vez em quando, veio me dizer que era a pior roupa que ele já tinha me visto usar. Tá, foda-se... Mas não me olhei da mesma forma no espelho no resto da noite.

E comecei a beber todas as cervejas que eu via alguém segurando.

Dancei com meus gays, beijei algum, ri das conhecidas chapadas, me perdi umas 5 vezes entre uma pista e outra. O mais difícil era levantar o vestido até o meio das coxas pra dançar no pau de puta e ter cordenação para rebolar até o chão e agarrar aquele que tivesse dançando junto(e o agarrar era pra não cair viu?).

Num momento meio cansada/zonza, fui para pista menor com uma amiga... sentei num sofá bem confortável... quando de repente começa a tocar EDITH PIÁF, La vie en rose!
NÃÃÃÃÃO.
Eu não sabia se ria ou chorava, minha amiga e eu nos olhávamos incrédulas do fato e ouviamos aquela versão remixada... Enquanto as imagens de mulheres peladas em todas as paredes teimavam em fazer caras vulgares e biquinhos para nós.

Foi o fim da picada... Se bem que picas lá dentro não faltaram, cada vez que passava uma mulher gostosa, eu desconfiava que não era beeem uma mulher. ENFIM.

Teve momentos super gracinhas também, como na hora em que um vô de uns 82 anos ficou rindo pra mim com uma lindíssima dentadura e dando uma piscadinha... além de mostrar o bolso com dinheiro. MEO DEOS

Naquele fim de noite decadente, sentei na beira do palco e fiquei assistindo o showzinho de um casal quase se comendo. Depois, abracei meu amigo(que eu tinha conhecido na mesma noite) e fomos embora de táxi o mais rápido possível.

Uma amiga ficou mais algum tempo e depois foi embora a pé pela farrapos. Ela descobriu que está disperdiçando talento, 15 carros pararam querendo fazer um "programa"...

HAHAHA
Fim.

sábado, 17 de maio de 2008

letras pautadas


Voltando lá para meados dos anos 80, mal lembro das pirraças de guri moleque. Na rua eu não tinha tempo de ficar pensando por muito tempo o que fazer. Quando a boca tremelicava pra dizer algo, eu já deveria ter ido e voltado com alguma coisa de alguém. Numa ignorância profunda, nem tinha inveja dos guris mais arrumados do que eu, era como se fosse assim, fosse pra ser assim. Ponto.

A única coisa que tinha vontade é de passar as mãos nas canelas de algumas tias que passavam pontualmente no meu ponto de coleta. Não fazia nada, só olhava; ou perderia o ponto de certo com algum 'policia' me expulsando. Eu também tinha outras sensações, talvez mais, talvez menos importantes... Como a raiva por uma mulher velha e gorda que me olhava com um ar de caridade mas nunca me dava uma moedinha sequer.

Morador de rua sem conhecer quase nenhuma bosta desse mundo escroto. Eu só via os mesmos muros cinzas de sempre com pichações diferentes a cada dia. Um dia quis pichar, mas os guris mais velhos riram da minha cara por que eu não sabia escrever nenhuma letra. Não lia também, e não entendia o que eles escreviam. Desenhei uma faca bem pontuda apontando pro barraco de um dos muleques que tavam rindo.

Ele não gostou e me expulsou do ponto. Depois disso eu passei a frequentar ruas mais distantes e os bairros próximos... Não que fossem coisa melhor do que antes, mas a pivetada não me olhava de cara torta e nem ria de mim. Como não sabiam onde eu morava, assaltei pela primeira vez a mão armada (faca) numa ruela do bairro vizinho. Não deu muito certo por que a 'dona' fez O escândalo e começou a me bater com o guarda-chuva que carregava.

Seria triste pensar numa vida tão medíocre. Não tinha bem 15 anos e fiz a única coisa que prestou até hoje.. conhecer Suzaninha. Tá, teve mais uma coisa que eu fiz de bom, mas a Suzaninha era boa demais pra eu tentar acreditar. Ela era filha do dono de um boteco meia boca da zona oeste, onde eu gastava algum trocado que eu ganhava guardando carro. Acho que consegui pensar em palavras bonitas que hoje seriam ridículas. Mas aquela guria branquela, magrinha, cheia de sardas e sempre gentil conseguiu tirar palavras timidamente educadas de mim. Ela não era do tipo que deveria estar ali, tanto que não ficou, ela acabou viajando pro sudeste morar com uma tia pra estudar. De despedida me deu um beijo, meu primeiro.

Sozinho e pensando nela, eu vadiei e virei bandidinho de quinta categoria e toda hora acabava parando numa delegacia... O problema foi uma bomba que estourou na minha mão, me confundiram com um cara que tinha estuprado e matado um guria que eu mesmo conhecia.

A Suzaninha voltou e me procurou. E eu burro, preso.

Ela me deu um chingão mas depois que eu expliquei o ocorrido ela acreditou em mim, as mulheres sempre acabam acreditando. E então eu fiz a segunda coisa certa na minha vida. Ela resolveu me ajudar a estudar, alguns anos antes da cadeis eu tinha aprendido mal mal a escrever e ler, então não foi tão dificil.
Hoje é o meu último dia de pena, depois de 6 anos e alguns meses, a Suzaninha deixou de me ver faz uns 3 anos, mas eu continuei lendo e depois escrevendo também. Não segurei a mulher, não escrevo tão bem quanto gostaria, mas pelo menos não vão mais rir por eu não saber escrever letras.


domingo, 11 de maio de 2008

Liberta a voz


Chora a pedra
dureza se vai.
Leveza, enfim...

Racha a casca, a cara
o passáro me bica
irrita
estou bem, enfim.

Arrastada pela correnteza
água congela, a água
estou limpa, enfim.

Formigas atacam,
me mordem,
eu choro então.
E eu sinto novamente.

Pode ter sido uma chuva tremenda,
um raio na cabeça,
uma morte violenta.

Eu peguei o pobre poeta e o comi...
Fui egoísta, mas só assim eu poderia ressucitar.

Tilintin


Tudo parece uma percepção sólida e vaga,
pontos certos e tantos outros borrados.
Encantadora.
Eu enxergava as cores de forma lúcida,
embriagavam-me os brilhos
e tudo era tão lindo.

Fui uma criança com uma só visão.
E então, via todas as coisas do mundo.
Estando inseguro, pousava em pétalas no escuro
enquanto alguma fada invejosa
iluminava um ponto perdido.

Segundos viraram trambolhos da memória,
ocuparam parte de minha vida
e ofuscando uma seriedade
abrem um sorriso em meu rosto.

Hoje, se a beleza
parece-me tão fragilmente desmontada,
culpo os olhos míopes.
De um jeito cega levemente,
parei de ver nitidamente
e nada parece como antes.

O que tinha gosto de felicidade,
hoje tem gosto de açúcar
e apesar de sorrir o sorriso mais aberto,
quero chorar e sentir a mão de mãe
acariciar meus cabelos e peito,
como na primeira vez que lembro não lembrar mais.

sábado, 3 de maio de 2008

Trocas



Tu tens temporária tenacidade
tenta-me, tu tentas.
Timidez tirada, trocada e torta.
Tão teimoso.

.
Teu timbre testemunha toda tua testosterona
tocando e teclando teclas, testa, telas.
Tanta ternura tornou-se terremotos tênues,
tua tolerância tolhida, todos os talos.
Tempo tortuoso torrado. Turbilhões!
tremendo tresloucado, tendo tremiliques
.
Transmutou-se...
.
Tu tirano trouxe-me toda tristeza.
traguei tanta tragédia, tanto tango
tamanha tolisse.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

elas não entendem-se


Estou raivosa e tremiliquenta.
Quero encerrar o papo,
mas eu falo, eu ajo
e comando o ato.
Eu reclamo a tua ostenta.

Eu fico e fiquei
nervosa e raivosa por demais.
Dei uma de satanás
e de resposta como fuga, eu me icendiei.

Aos berros e choro escorrido
gesticulei por trás do espelho rompido,
maquinei frases
manipulei o inexistente finito.

Sempre espera-se a vida tradicional...
afinal, gostam de redomas.
Mas eu durmo da forma errada,
eu sou passional.

Ainda finjo que acredito
no meu eu sozinho depois.
Uma liberdade que ela sobriamente me impôs
com o gosto de todos, o mais insípido.

Eu dissimulo
não é?
e ela têm medo da fé
e de mim no mundo.

Eu fujo,
eu sumo.
Arrumo os trapos
e com o pé na rua
faço tudo.
Não volto.
Até viro puta.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

My fair lady


Estressantemente eu tenho mais de um homem em minha vida.
Não que seja de todo mal afinal essa história de monogamia enjoou-me desde a década passada.
Além do mais, tenho que aproveitar o que resta do meu corpo jovem... sugar ao máximo.
Se hoje tenho 3, 4 ou até mais em cima de mim... Em dez anos talvez eu que esteja em cima de apenas algum.. ou até de meio algum.

Bom, digamos apenas que eu gosto de muitas coisas, contudo nenhum homem conseguiu saciar todos meus requisitos. Nada mais óbvio do que procurar o número que for de homens para cumprir esse dever.

Talvez alguém se pergunte se eu não fico ociosa de alguém decobrir meus segredinhos... o mais curioso, é que geralmente eles sabem.
Uma vez levei um soco na cara que me deixou 2 meses fora de circulação por causa do olho roxo.
O meu homem n° 3 logo ficou sabendo da história e tratou de se vingar.
Não sei exatamente o que ocorreu a aquele estúpido imbecil, apenas não o vi mais, nunca mais em algum dos bairros que frequento.

Não que eu seja uma deusa, falando fisicamente... eu dou pro gasto sabe?
Cabelos negros até quase a cintura, pele alva, lábios rubros e uma pequena pintinha acima deles do lado esquerdo. O que eu canso de dizer às minhas amigas é que o segredo não é o que tu fazes, e sim como o fazes.

Experiência sempre ajuda, algumas dicas também... mas o jogo de cintura e o remelexo, ah, isso tem aquelas que podem até tentar aprender. Eu digo que tem que assim já nascer.
Não se segura homem pela barriga... até mesmo se a minha for perfeita.
Para segurar um homem, realmente é preciso saber segurar no lugar certo e da maneira mais libidinosa.

Eu afirmo, eles não se importarão de tu te encontrares com outros.. desde que tu faça o melhor serviço que eles já receberam.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Rodopiar?


Gemo para um garoto desconhecido
e minha boca dura de censura
boceja de tanto esperar.

Quem diria que o azar estaria no meu cangote
justo na noite onde tudo pode,
Afinal...
Quem mandou pegar o primeiro que viu
pra fazer um "saravá"!

Só falta eu ter de pagar
por um quartinho chinelo
do motel mais perto
e ele nem me fazer gozar.

E olha que ele me pareceu bem apessoado.
Bom ator ele é, isso é fato.
Eu que fui e sou burra
e sempre no fim da noite preciso de alguma ajuda.

Garoto igrato
mal arregaça minhas pernas
e já terminou o que achei ser um ensaio.
Veste as calças, mal olha pra trás e deixa a porta aberta

A única dúvida é se dou uma trégua,
ou não desanimo e volto pro bar.
Se for, dançarei como uma louca
e ainda arranjo um macho que me faça gritar.

domingo, 20 de abril de 2008

Santa imaculada


Ela é o tipo de mulher que dorme sempre nua,
enrola-se num lençol
apenas suas costas e coxas a mostra tão puras.
Essa pele pálida, reflexo de pouco sol.

Num calor insuportável...
suor dando brilho lustroso nos braços
reborquiando de um jeito palpável.
Só observo, querendo dar-lhe um enlaço.

Só uma mulher pode ser tão calculada!
Tamanha beleza.
Eu sigo tua tez esplêndida, cálida
perco-me em ti sem nenhuma certeza

Mas como é que ela costuma fazer mesmo?
Ah, cada movimento e passo...
Ama-la é o único jeito
de tirar-me desta forca em que me entravo.

Cada centímetro imaculado
Causa-me tantos estragos...


terça-feira, 15 de abril de 2008

escoa ar


Enquanto eu colocar o livro na estante
e divagar por um instante
Nada passará por nuvens brancas
Só um retrato da velha infância

Eu acordei, eu inventei
um improviso novo.
Só um esboço de um outro rosto
refrestelando na minha má vontade.

E volta e sai,
me bate um pouco mais.
Dispenca a senha
entorna o cais
e vai correndo, Chorando sais

domingo, 13 de abril de 2008

Formato


Violão na mão dele
indelicadamente.

Como se segurasse o corpo da ex amante.
Ele acaricia e amacia,
torna afinado e depois desafina
inacabado como antes.

Tocando as cordas
puxando e soltando.
A boca ao microfone bufando
enquanto ele transpira.

A precisão nas mãos
tremelicando dedos nas curvas amadeiradas.
Olhos chapados,
baixos
como estavam depois de seu último orgasmo

Solta um grito abafado
que mais parece um gemido fingido.
Roça o objeto por todos os lados
depois esquece a noite que teve comigo.

Afinal, meu corpo nunca foi violão,
tava mais pra pêra.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Assentados


De uma forma totalmente displicente desço a ladeira de minha rua quase correndo. Esquecendo a saia curta e o vento que nesse momento transforma-se em leves rajadas.
Atravessando ruas e olhares de taxistas, chego a minha parada de ônibus.
Por um motivo óbvio, todos olham para mim.
Por que não nasci com pernas finas?
Ao mesmo tempo que balanço uma delas, puxo a saia para baixo tentando chamar menos atenção, o que piora a situação.

Após uma eternidade(para quem está atrasado) de espera, subo no ônibus e atrapalho-me toda no momento de passar na roleta. Quando eu consigo passar, o motorista dobra em uma curva fechada... jogando-me de um lado ao outro do transporte público.
Finalmente sento, numa daquelas cadeiras que ficam de costas para o motorista bem perto da porta de saída.

Tem um gordinho do meu lado lendo um livro imenso bem concentrado... já eu com dor de cabeça prefiro ficar futricando na imagem dos presentes da cena.
Certamente sou má interpretada por que estou sempre observando feições e peculiaridades.
Mas o que me chamou atenção foi uma gordinha ruiva que parou do meu lado logo a frente, bem na saída.
Ela e outro cara magrelo começam a ter aquelas discussões políticas que todos fazem a todo momento. Aquela tonalidade de exasperação e revolta explodindo no peito bufante.
A reclamação da ruiva é feita de forma mais exagerada, pois me parece que o problema atinge o seu salário... claro, o que é nosso sempre é mais importante do que é público.

De repente o gordinho ao meu lado larga a sua leitura e começa a prestar atenção na tal ruiva falante. Fixa o olhar de uma forma até brusca, sem vergonha alguma. Tá, talvez ele ache ela inteligente ou ache que ela está falando perfeitas idiotices e acabará se metendo na conversa.
Agora até eu presto atenção pra entender o final da história.

Ela subitamente para de falar, talvez tenha percebido que havia curiosos observando-na.
Eu baixo o olhar e disfarço.
E logo percebo que o gordinho não baixou o dele nem disfarçou.
Acho que eu estava enganada. Deixarei eles se olharem o tempo que for necessário.

O ônibus ficou mais apertado e chato. Então comecei a imitar o gordinho e olhar alguém. Fixamente.
Quem sabe o olhar de um ruivo retorne.

domingo, 16 de março de 2008

Aquele cara


Tem um certo cara, que escreve bem pra xuxu.
Deixa-me constrangida, de tão boa a sua escrita
Li algum texto dele, quando ia para bom jesus.

Por vez grosso que dói,
e depois romântico que só ele
jogou na minha cara ácido que corrói
depois tratou a pele com creme fresco de leite

Vi ele tempos atrás, catando jabuticaba
entre os pés de bergamoteira.
Depois sentado na calçada olhando em baixo das barras de saia
levando chingão de alguma gorda freira.

Sempre nos barzinhos
ajeitando o óculos na cara, a cada gargalhada sarcástica.
"Ei meu chapa, me passa mais uma gelada!"
Ele resolve ir embora, antes que aperte o chuvisco.

Tipo meio estranho,
as vezes quieto
observando as bundas das madames rebolando
cachimbo na mão, camisa no peito aberto.

Frequentador de banco de praça
assiduamente ali nas redondezas da minha casa.
Caneta cravada num bloco de papel...
quando cansava, deitava no banco e olhava pro céu

Ele nem é tão atraente
os dentes são meio tortos.
Certo dia perguntou-me as horas de repente
e eu arregalada: 'são 10 e dezoito'

É incrivel como tudo acaba em sexo.
Não foi nessa noite nem nessa semana
eu, ele, nós nos perseguimos de perto
e agora ele não consegue mais sair da minha cama.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Cartelas de adesivos e playstations




Dias atrás sonhei com um ex namorado da minha mãe.

Um sujeito chamado Leandro, realmente bonito apesar do cabelo levemente brega.
No pricípio minha mãe e ele trabalhavam juntos; ele adolescente de 18 anos contando de seus namoricos da época, minha mãe com 33 anos contando de seu casamento problemático.
Eu nasci e 3 anos depois o casamento estava acabado.
E eis a surpresa! O jovem rapaz juntou-se a familia para servir como um padrasto fora dos padrões.

Não tenho muitas lembranças desse tempo, apenas poucas e boas.
Ele era como um pai que se comportava como um irmão e brincava de cabana bagunçando a casa toda.
De todos os tantos presentes que ele me deu, o que mais fixou-se em minha memória, é uma cartela com adesivos de fadas. Não eram desenhos da disney tradicionais, mas desenhos quase caseiros e bem coloridos.
Foi um dos presentes mais lindos que já recebi.
E o natal mais mágico e inesquecível, foi aquele em que Leandro vestiu-se de Papai Noel e me fez cócegas na barriga. Lembro que ganhei alguma barbie com um vestido rosa rodado, uma princesa.
Recordo de uma tarde em que fui para o quarto de minha mãe e ele estava dormindo, ocupando quase toda a cama, tapado com um cobertor amarelo e marrom. Eu deitei do lado dele e pensei: "Nossa, ele é grande!"

Em agosto de 97, ele saiu do nosso apartamento, foi embora.
Disseram-me algo sobre viajar, passar um tempo longe.
No meu aniversário de 8 anos, outubro daquele ano, Lelé(como eu costumava chama-lo) trouxe-me um video-game playstation de presente. Eu tenho ele guardado no meu armário até hoje.
Eu acho que foi assim que terminou a 'nossa história', não sei o que ocorreu depois, apaguei as lembranças.

Uma mulher e um homem que se amam, recebem dedos apontados e coxixos por tras das portas e janelas. Será que 15 anos separando 2 vidas, podem acabar com o laço definitivamente entre elas?
Aos 24 anos e meio, ele saiu de nossas vidas e eu nunca mais o vi. Nunca mais.
Minha mãe adoeceu e chorou por 1 ano. E eu sei que ela faria tudo de novo. Por que uma paixão verdadeira nos faz saber que em algum momento da vida, nós fomos realmente felizes.

Alguns anos atrás ele procurou minha mãe... Que não o atendeu.
Ficamos sabendo que ele acabou casando-se e tendo 2 filhos, a mais velha, com em torno de 7 anos e o sexo e idade do filho mais novo não sabemos.
Eu imagino ele como um bom pai, ele era tão preocupado comigo(disse a minha mãe), querendo um bom futuro e uma pessoa firme brotando de mim.

Ontem a noite, 11 anos após a separação de nossas vidas, ele apita o porteiro de nosso edifício tarde na noite. minha mãe pergunta o que ele quer.
"Conversar."
Minhas mãe responde: "Eu acho melhor não."
Ele vira de costas, desliga o alarme do carro e vai embora dirigindo.

Hoje minha mãe me conta sobre o ocorrido.
Eu sento na frente dela sem acreditar que eu perdi a oportunidade de ver o rosto dele uma última vez.
Eu então choro. Envergonhadamente.
E penso... Será que ele lembra de mim ou pensa como eu estou hoje?
Como uma lembrança tão antiga pode desestruturar a minha cabeça tão frustantemente?


"Mãe, tu lembra que eu te disse que sonhei com o Lelé? Ele não saiu da minha cabeça nesses últimos dias! Ele não saia!! Por que as minhas intuições e pressentimentos nunca me ajudam?
Mãe, por que tu não falou com ele??? Eu sinto que tu precisava fazer isso."

"Eu preferi que ele lembrasse de mim como eu era a 10 anos atrás. A mulher que ele amou, vaidosa e bonita. Foi vergonha de ter envelhecido e não ter tido forças contra isso."



"Mãe, eu sinto orgulho de ti."







segunda-feira, 10 de março de 2008

óleo nas pálpebras


Eu sei que eu não sou a mesma.

Nesse momento possuo um caderno em minha frente, onde passei tempos escrevendo coisas medíocres.
E olho para o relógio cor-de-rosa na escrivaninha, não enxergo seus ponteiros.. nem sei se ele já parou por falta de troca de pilhas.
E olho para os meus tantos perfumes que nunca uso... mas alguém gosta do meu cheiro mesmo assim.

Estou meio no escuro, meia luz.
O calor do verão ainda abomina, são dois ventiladores tentando acalmar-me.

E eu não olhei nada...
Eu apenas lembrei de você bloquiando minha visão como um óleo em minhas pálpebras, ou pó sujando meus óculos.
E dói.
Dói tanto eu pensar em você o tempo todo.
A cada barulho vindo da janela rangendo ou dos vizinhos intrusos de meus momentos eu devaneio.
Eu não constumo discutir assim comigo por causa de mais ninguém.

Mas...
O arranhão que tu fizeste nas minhas costas
o hematoma em minha coxa
a boca inchada de tanto usada
o arrepio que frizou cada pêlo do meu corpo
a saliva que umidificou meus poros
a mão que passeou através dos meus sensos
as mordidas e risadas
o teu jeito de dormir curvado
cada toque
cada mílimetro de qualquer coisa que se possa pensar.

Borrou qualquer conclusão que eu pudesse chegar sobre o que existe num mundo onde antes o tudo só era cinza.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

viagem


Eu não faço trocadilho, eu não tenho algum para expor aqui.

Eu vou viajar e tenho pressa, minha carona já está para chegar.
E eu aqui, ao invés de arrumar as malas fico tentando achar um joguete de palavras para tentar mostrar-me capaz e intelectual.

Passarei alguns dias na praia, acompanhada mas tão só.
Acordarei cedo, andarei na beira do mar.. exercícios são bons.
E o motivo do cedo?

Sol... ele realmente faz mal para mim. Alguns minutos abaixo dele e parece que estou a ponto de vomitar.
Sinceramente.

Quando retornar da areia e sal, sentarei na cozinha e ficarei falando de sexo com minha empregada. Não, minha amiga.
Ela lembrará de seu marido, um negão bem em forma que se enrabichou por uma branquela de olhos verdes como ela.
As vezes eu pareço mais velha do que ela. Na verdade acho que ela é mais velha que meu pai.

Esperando o carro e despedindo-se destes próximos dias que virão.
Deveras ir para praia, pegar um bronze e aproveitar o som do verão.
Há quem ainda acredite nessa hipótese.
Poderia estar aqui onde estou e apenas ser.
Mas estarei lá e acordarei ao amanhecer.

Como queria dormir mais um pouco.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

eu.




Moça, adolescente, nem percebeu ter alcançado a maioridade.
Típica representante da classe média 'média'. Sempre querendo ter mais do que tem.
Preguiçosa, espreguiça-se.. estrala os dedos, o pescoço, os pés.. e algo mais.

O pai dela odeia isso.
Falando nele, sujeito meio grosso... se faz de cabra manso na frente de visitas e cala a sua filha em momentos mais intimistas.
Ela aprendeu a deixar(ou fingir que deixa) os mandamentos do pai de lado.

Ela não tem tpm e acha que num dia estando grávida, não terá desejos idiotas. Aliás, ela sempre tem medo de estar grávida, mesmo sem ter como.
Guria muito branca, do tipo que aparecem veias no corpo, até em volta de seus seios. Não é, nem nunca foi pequena e magrela(apesar de sua mãe ter dado biotônico fontoura na infância).
Diz que gosta de como seu corpo é. Mentira.
Acha sua bunda muito grande e com celulite demais para colocar um biquini... Então convenceu-se de que odeia praia para não precisar passar pelo encomodo de mostrar a bunda grande.
Também acha seus seios pequenos demais, separados demais...
Pretende colocar silicone e operar o nariz um dia.
Apesar dos defeitos de que muito reclama, o conjunto a agrada. Ouve muitos elogios sobre sua boca carnuda, os olhos esverdeados e as feições delicadas que inspiram meiguice(quando não está fazendo caras de ironia).

Deixando de lado a aparência, ela é do tipo que costuma agradar e não costuma criar inimizades.
Com exceção de uma desavença com uma vizinha que ela considera uma tremenda vadia dissimulada.
Voltando ao pacifismo, nota-se sua abertura quanto a estilos diversificados.

Ela escuta muita música. Desde a hora que acorda, toma banho, janta, ve televisão, até a hora de dormir. Ah, não esquecendo os momentos calientes a dois.
Nos ouvidos tornam-se presentes músicas francesas de poucas cantoras, músicas calmas de fossa, dançantes para exercitar-se dentro do quarto... e algumas outras para acompanha-la quando ela não souber quem é ou não souber o que fazer.
Ela também gosta de cantar, porém nunca mostrou como é sua voz realmente. Nunca.
Nem a melhor amiga.. justamente, afinal, esta sempre ria e mostrava desaprovação de qualquer tentativa. Quando ela desenhava, a melhor amiga achava defeitos e zerava as qualidades, nunca incentivando para o crescimento pessoal. Perdeu a coragem de cantar com dedicação e mostrar-se.

Anda lutando contra preconceitos. Principalmente os que encontram-se dentro de seu coração.
Já fez vários avanços. Parece marketing pessoal dela, mas ela defende muito aqueles que amam os do mesmo sexo. Amam, sentem prazer, tesão, atração, felicidade, tristezas, raivas. Eles sentem. É o que ela diz.
E diz que poderia relacionar-se com alguém do mesmo sexo... mas ela realmente gosta do bom e velho homem que ninguém entende.
Seu melhor amigo, ex-namorado e também conselheiro já tentou explicar algo desse mundo masculino mas como ele é gay, ela fica sempre na dúvida se ele entende realmente esse mundo.

Ela já beijou, 2 negros, um japonês, algum ruivo, alguns primos, 1 cara mais novo, 1 cara com 16 anos a mais que na real era tatuador da mãe dela e ela não sabia, alguns vários que ela não lembra o nome, alguns morenos e apenas 1 loiro que ela nem lembrava.
Ela anda beijando alguém que a deixa feliz e tem vontade de beijar alguém que nunca beijou.

Como não tem problemas para falar de sexo, muitos pedem conselhos, muitos a acham despudorada. Muitos a julgam injustamente. Ninguém percebe a romântica levemente abobada que ali habita. Que nunca recebeu flores e só se apaixonou uma vez.
Em assuntos do coração realmente é tão forte que nunca chorou por um amor e nem sofreu.
Ela pensa demais em amor de forma quase idiota. E sorri pensando nele.
Cada mesquinharia, detalhe e futilidade são fogos de artifícios no seu céu escuro e abandonado pelas estrelas.

Uma lágrima, um beijo, uma voz.
Belezas imperfeitas que a enrolam e hipinotizam.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Macho cada


Ultimamente ando com a cabeça confusa, as novidades são muitas, sabe?
Confusão parece significar fusão de idéias para os outros, para mim apenas recesso de versos.
Passar uma tarde na internet nem parece ter graça. Não tem, eu digo.
É, não tem.

Meu amigo gay diz que estou precisando de um homem.
Quem sabe ele esteja certo.
É que geralmente eu disfarço que o sexo masculino não está em volta de mim.
Trato ele como minha melhor amiga, tricoto um pouco, fofoco, algum aconselhamento e depois coloco na caixa de costura de volta.

Homens.
Sempre minha distração... Meus irmãos, amigos... minha paixão.
Se fujo, é pra não ocorrer estresse, experimento de cada um uma amostra e enrolo para escolher mais adiante.

São tantos..
Desde o bonitão delicioso, galinha safado... com jeito de que sabe me pegar de jeito... Até o cara das palavras certas, que eu nunca decifrarei e fará-me pensar sobre algum futuro.

Não tenho fotos. Com nenhum deles.
Será triste ter esquecido o que se perdeu?
Este é o típico assunto que não rende, nunca deu certo e sei que não dará.
Não deveria ser assunto entende?
Deveria ser ato, ação.

Filosofando deste maneira, eu chego a conclusão de que meu amigo gay está certo.
O problema é não ter um homem ao meu lado pra calar a minha boca e ocupar meus dedos com coisas mais interessantes.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Início, meio e fim.


Eu era uma.
Só.
Solamente.
Escrevia para todos e para ninguém.
Enfeitava-me por bobagem, sem motivos.
Eu era eu.
Eu via tevê nas horas vagas.
Eu roía minhas unhas.
Eu falava sozinha.
Eu pensava sobre o meu futuro.
Eu amava a vida.

Nós somos duas.
Juntas.
Juntamente.
Escrevo apenas para uma, para ela.
Enfeito-me por todos os motivos do mundo, Ah as bobagens!
Somos nós.
Nós vemos os nossos beijos nas horas vagas.
Ela pinta as minhas unhas de vermelho.
Ela escuta-me.
Nós vivemos.
Nos amamos em pura vida.

Viraremos nada.
Separadas.
Insuportavelmente.
Não escreverei mais, secarei os versos.
Vou raspar a cabeça e largar o corretivo de olheira de mão.
Não seremos.
Verei a cama vazia 24 horas por dia.
Meu esmalte vermelho ainda descascaria.
Serei surda, muda e cega.
Direi que um dia vivi.
Pois o amor atirou a vida maldita na frente dos trilhos de um trem.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Nínfica.


Labaredas de sexo...

no televisor

nas ondas de rádio

estampado, tatuado

na barriga do meu amante retrô


Cabelos molhados

grudados

ao corpo suado

calor desfrutável

no mero retrato de um sedutor.


Já li algo assim

parecido e gasto

num gibi de calçada

Com figuras de homens e mulheres pelados.


Um pouco de minha lascívia

após ardidas leituras no pé da tarde.

Onde o sol se põe

e o resto só 'levanta'

depois de tantos movimentos

o que seca são nossas gargantas.


Assim é mais fácil...

quando as palavras são poucas.

Pois mesmo de forma numerosa,

não sufoca minha falta de resposta.



sábado, 5 de janeiro de 2008

Linda víbora







És tão branca e pálida,
Gélida e amarga,
faz-me sofrer desgostos.

Sempre soube desses defeitos,
mas o pão perfeito,
segurou os meus nervos.

Linda demais,
Fraca por trás,
arruinaste minhas noites com tormentos.

Venenosa,
Mulher geniosa,
está perdido teu lar.

Não serei mais piedosa

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Escolhi ser como ela


Um amigo da família disse-me semana passada que eu sou o meu pai por fora...
E minha mãe por dentro.
Os olhos verdes, a estatura, a brancura, as mãos e pés pequenos, os lábios grossos e também o nariz grande(que tanto incomoda-me) foram copiados de minha família paterna.
Porém, a capacidade de respeito as diferenças, a vontade de escrever, de desenhar e o prazer de ousar foram frutos vindos de minha amada mãe.

Talvez seja total imaturidade minha, nem bem comecei a socializar-me. Contudo, eu acredito nas pessoas. De certa forma.
Eu dou chaces, eu perdõo, eu até estendo a mão...
Eu valorizo até a última gota de sangue os meus amores! Não serão riquezas que farão o meu futuro vingar, apenas servirão de complemento para facilitar meus empreendimentos.
Meu pai diz que sou burra por perder meu tempo com os outros... "Afinal, eles não pensaram duas vezes em te deixar para trás" sempre retruca!

Como tem a cara de pau de mandar-me esquecer aqueles que amo??
De superar essas 'pessoas' e seguir com os meus deveres?
Seria como amputar meus membros superiores e inferiores, amarrar-me em uma cama e impedir-me de fazer a única coisa que faz-me sorrir: amar incondicionavelmente!

Não tenho arrependimentos por ter ajudado uma amiga, ter dado colo literalmente e ter comido um pote inteiro de sorvete com calda para afogar as mágoas alheias.
Dúzias de vezes tentaram separar-me de meu melhor amigo, sem procurar entender o que o meu coração me dizia! Realmente não sou igual aos outros... eu tenho tantas certezas e ninguém acredita que eu acredito nelas.

Sei quem amarei, com quem estarei, os que serão eternos... sempre com os seus sentimentos fraternos.
Não culpo meu pai por tamanha desconfiança e certeza de que as pessoas estão sempre tramando sorrateiramente. Ele já está ficando velho fisicamente, além de ter sido criado com um pensamento levemente velho!

Ainda pensa que gays não prestam, pois acha que a maioria tem aids, e vão acabar todos mortos sem explicação num apartamento do subúrbio.
E eu sou obrigada a ouvir isso com uma grande frequência.
Dói ouvir ofensas a quem eu tanto admiro! Ôô povo que luta e não perde a peruca! São os que mais alegram esse mundo cinza de hoje em dia.

Quem não os respeitam e não aceitam, é por que não conseguiu se encontrar! No momento que alguém se descobre e escolhe um caminho, percebe que tantos outros indivíduos serão contra ele e até o repudiarào.

Mas a covardia de se mostrar impede isso não é mesmo?


Podemos chamar esse texto de desabafo afinal.
Tantas as porcarias trancadas em minha garganta querendo escapar!
Quem sabe um dia ainda grito para o mundo.


Eu sou a evolução de minha mãe.
Que orgulho.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Versinhos para uma flor


Minha amiga
é como flor de maracujá.
E como flor, é bonita e delicada.
Branca, brancamente.
Cheirosa que só ela,
cheiro tão marcante
que chega a atordoar quem não sabe impor limites.
É assim que atrai e afasta
os desejados e indesejados respectivamente.

Mas teima em querer disfarçar seu cheiro.
pois banha-se de baunilha.
Sempre posuda
fazendo estilo de rainha...
Apenas tentando esconder o semblante serelepe de menina.
Minha alegria.

Inconstante,
dá belos frutos.
Cheios de sementes,
são intragáveis!!
Mas para quem tiver paciência,
recolhem-se os maduros
e assim se faz um suco
tão doce como o amor mais puro
Que todos os dias traduz
uma relação espontânea
de duas irmãs que escolheram-se
e não encontraram-se por simples relevância

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Açúcar em mar




A princípio saíram apenas palavras tolas.

Bobas e saltitantes, conversa de criança solta.

Experiência pouca, quase nula... unida à ingenuidade que colore qualquer mundo a volta.

Tenho por mim que era mentira a vontade de dizer que era feliz.

Não tinha culpa, era apenas ignorância e precocidade involuntária.

Aquela época de criança.



Foi tudo tão simples em algum dia.

Simples como querer comer doces até explodir e depois atirar-se na piscina.

Mas mamãe sempre sensata, deixava-nos sentados como de castigo por 2 horas olhando para a água gelada.



Alguns tantos de hoje em dia, de ontem e de sempre gostam de complicar.

No sentido de confundir e parecer superior em alguma coisa.

Falar bonito(ou apenas complicado) confunde o próximo e causa covardia.

Talvez essa vontade de não inibir alguém, faça-me ser o mais direta possível.



Evolução: Simples de fato, necessária e automática.

Nem que seje para um meio mais excluso e sujo.

Não opto por alguma evolução, mesmo sabendo de sua existência.

Os observadores é que escolhem se é cara ou coroa.



Não quero ser uma parnasiana da vida...

Que se preocupa com rima, forma e simetria.

Versos livres e em brancos, pitados de um pouco de compaixão e humildade.

Rendendo-se ao leitor, aqui estou eu e minhas cantigas

assumindo fraquezas

Banhando-se nuas em plena noite de lua cheia numa praia deserta.



Posso desmanchar-me feito açúcar em água salgada do mar

desaparecer para sempre sem vestígios.

Mas ah... Ao menos em algum segundo eu adociquei a vida de algum ser.