terça-feira, 31 de agosto de 2010

I miss you.




Nas lágrimas do mundo, onde os dedos varrem pequenas e grandes tristezas,
foi-se o tempo em que a pureza branda reinava plena,
foi-se embora a confiança que se tinha.
Ninguém mais ouve os choros da criança, aquela mestra sonhadora preenchida de coragem.
Ah deus, como eu sinto minha falta.

Restaram os gritos abafados, enrolados à cama vazia.
Foi-se a cantiga aconchegante daquela infância borrada de lembranças.
Papai está num canto mudo, enquanto mamãe está tentando partir.
Eu só sorria entre os berreiros transformados em carícias.
Ah deus, como eu sinto a minha falta.

Eu corri caindo, eu corri tanto
Naveguei por todos os céus, e as suas cores indecifráveis
A rajada de fogo ferindo o peito de gelo, lá estava o desamor deles
Lá eu estava... em meio a fome e o desejo de ser feliz.
Era lá que eles estavam: cemitério de vida e construção.
Ninguém mais ouve, o quanto eu sinto a falta de vocês.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Se ele não vem



Já são 5 horas da manhã e
hoje o dia não será de sol.
Tão deitada e sem dormir, a espera do homem
Ao lado da madeira mal pintada da janela
Frouxa toda, rangendo feito minha cama
durante o sexo.

Me fecho das saídas,
Só ouço o vento e a chuva.
Sussurraram a noite toda atrás de meu lóbulo
Lambendo carícias até meu tímpano.

Se meu homem não vem,
Se ele não me tem
Possuída já estou,
há sensação de apreciamento
De tanto vento e água
escorridos para entre as pernas.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Dúvida


Corpos calejados
Com suas mãos duras de pele grossa
Pés enraizados, pisando cacos
Pisando vidros.

Sou eu.
É o passado,
Me encolhendo em mísero temor.
Não confio há anos
Por que me falastes de amor?

Tanta enfermidade
Não curado o dissabor
Perdida a caridade de quem
Dá, apenas dá
Cansado da falta de reciprocidade.

De em diante, nem sei.
Precipícios de romance
São aconchegantes
Para nos atirarmos até morrer.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Espera


Eu e tu estamos quebrados e separados, vítimas de peças dos próprios corações.
Agora somos seres inseguros que se calam a todo custo, não olhamos nos olhos e praticamos a covardia.

Emudecida, levo tempo em demasia para formular uma única frase. Enquanto mocinhas choram a desabar por não serem amadas, eu choro por que queria amar mais.
Minto, amo demais, choro por não amar certo.

Te espero, através da eternidade por um reencontro fantasma.
Nem sabes como eu chorei e sofri ao relento, sentindo-me só e sendo protegida por tantos braços. Pois era no teu abraço que existia conforto.

Fostes meu amor no molde errado e desorientado, mas fostes grande. És.
Se pensas que é injustiça, injustiçados somos, amando tanto quanto, com toda a diferença do querer.

Não encaixamos, feito botas de couro em pés inchados.
Mas na esperança que guardo, ficamos indefinidamente em uma forma, nos moldando até um dia nos suportarmos.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sorrio


Eu preciso de uma música, só agora.
Suave, prazerosa, como o arrepio na minha nuca.
Eu não quero saber de letras,
Só vozes, só melodia.
Eu não me importo com dizeres, com o que dizes
Eu enxergo todas as linhas, eu tenho a maior visão do mundo.
Eu sinto.
Eu não compreendo.
Argumentos? Pra que preciso deles?
Tão mais fácil só ser levada, me deixe ser levada.
Estou mais perto do paraíso do que nunca.
Eu.
Eu.
Eu sei.