domingo, 23 de setembro de 2007

meu menino


Ai que vontade de ser tua amante.
Apenas isso.
Tão pequeno e frágil esse menino.
Quero o teu beijo após aquele teu olhar
que nunca entendi ou desviei.
O único de todos.
Ai que bonito esse menino.

Nem é tão valorizado e notado,
mas é só tu olhares na direção daquele olhar esverdeado
ou daquele sorriso perfeito e rente,
serrando os nossos dentes
Sintonia!
Faz parte da nossa atuação

Eu não pedi que tu tirasse o meu ar
e me tirasse do chão de nuvens que estou a pisar.
Não era pra deixarem que ele se aproximasse...
mas que doce paisagem!
Sempre que nos vemos a brincadeira do devaneio reina!
Ai que menino bonito.

Quando unidos, amolecemos a princípio
escorregando entre dedos e pele.
Ah, mas enfim enrijecemos toda a musculatura,
virando uma única mistura.
Somos tão bonitos.

Ele parece tão menino!
É o que dizem...
São desentendidos dos nossos assuntos,
por que tudo o que eu quero
é que tu entregue-me tudo o que te pertence
por que tu sabes o que eu preciso.
Esse menino tão franzino...
Que me reconquista cada vez que eu hesito...
para sempre lembrarei de teus olhos travessos,
olhando-me enquanto recosto-me em meu travesseiro.
Mesmo tua única preocupação ser conquistar meu beijo.

sábado, 22 de setembro de 2007

Filtro natural




Até certa idade permaneci fechada, num casulo protetor de tombos.
Assim como a maioria, que talvez permaneça desta maneira por conveniência em toda sua existência.
Eu era o padrão, a cor bege que não agride os olhos sorrateiros e forasteiros.
Assim, apagada.
Tentando forçar meus pensamentos a obedecerem os lados "tendiosos" da vida.

Retirei os óculos , virei loira, usei as roupas da moda e conquistei a todos de acordo com o comprimento de minhas vestimentas.
Eu era como o "todo mundo" e eu atraía esse amontoado de gente.
Eu atraía tudo! Eram pobres de espírito e cabeças vazias a me rodearem como corvos famintos.
Já que eu era igual a todos e quase todos eram inúteis, descobri que definitivamente eu deveria ser uma quase inútil como quase todos.

Quem eu pensava ser?

Foi torturante mudar.
Cadê aqueles olhares devastadores que me perseguiam em qualquer avenida?
Olhei o espelho e vi uma guria como eu, que seria de qualquer guri.
Peguei a navalha sob o bidê, e com ela retirei todo o peso da comodidade e do padrão estético estampado no corpo.
Sinto fios arrepiados roçarem a pele nua de minha nuca repetidamente. Fios cada vez mais curtos!
Eles já são escuros e discretos nesse ponto; ainda sim eles chamam mais atenção que anteriormente.

Eu tornei-me o filtro de cigarro, reduzindo significante o consumo de drogas legais e ilegais.
A imagem transmitida do que sou para os olhos diversos é a pré-seleção dos corações dignos e leais.

Eu atraio os meus semelhantes .
Filtrei o conservadorismo, a mesmice, a falta de expressão e o preconceito; apenas trocando de pele como uma bela serpente.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Dores Crônicas


Quero ser uma crônica
Uma história leve e com frescor.
Prenderia a atenção alheia mostrando os pontos fracos do ser.
Seria eu um homem como todos estes a circular e a especular sua superioridade.
Seria belo, charmoso e encantador... Arrancando olhares discretos nos bairros bem vividos.

Eu como homem, seria indestrutível e altamente protegido por detrás deste meu sorriso.
Aos 30, teria em mão o maior segredo: conquista!
E digo entre todas... é quase como estender a mão para a livre escolha. Enquanto isso as outras estão escabelando-se, pois envelhecem!
Por isso virei homem.
Repara como a beleza feminina segue em traços delicados e maliciosos com todo o descuidado possível.
Assim não faço esforços e ainda fico a observar.

Viveria em cada esquina sem doutrinas a brindar tamanha fartura.
E como boa crônica, teria um momento de devaneio e desilusão para reclamar das atitudes tomadas até o momento.
Quero falar sozinho e desencantar amarguradamente para então algum corpo acolher-me ficticiamente.
Já afirmo que o correto é não fazer o que se sente!
Aos 30 nem sei sentir afinal.
Finjo.

Pensar sobre perdas e ganhos, sexo, drogas e algum mais som.
Talvez tudo isso seja inspirado no filme de ontem à noite na TV a cabo.
O querido Jude em ‘Alfie – o sedutor’ vangloriando-se incapaz de prender sua imagem à outra.
Ele teve todas que quis, ele amou todas realmente.
Talvez por 5 minutos... mas amou.
E impressionava-se como conseguia escapar de tormentos e viver tão calmamente e feliz.

Um dia pensou: eu dei filhos, experiência, lembranças, prazer a todas elas.
E eu estou aqui só, como deveria ser.
Perdi todas que amei.
Não restou nada... é assim que devem ser as crônicas de minha vida.

‘Homem, 30 anos, rico e bonito procura: felicidade!’

domingo, 9 de setembro de 2007

Impura


Até que ponto o ser humano consegue afugentar-se de tentações carnais?

Pecados leves e torbulentos não devem ser vistos como algo vindo do mal.
Descrevo os de pele, claro.
Para que serve a cobrança de manter-se em cativeiro e não usufruir do que nossos corpos são capazes, se eles foram feitos por intermédio do uso do prazer?

Tanta mediocridade dos castos que por baixo dos panos são depravados.
Como animais de estimação, tão treinados a fazer as mesmas brincadeiras de sempre e quase nunca com permissão de seguir seus instintos selvagens.
Assim tornaram-se os que voltam-se para mim.
Como boa casta que não sou, abandonei estes círculos ridicularizados por mim e estou a frequentar as ruas mais escuras deste portinho.

Sempre tive vontade de falar sobre este chamado enlaçamento entre duas ou mais pessoas(a seu gosto e preferência) pois sei que a minoria não o faz mas a maioria o aprecia às escondidas.
Santa promiscuidade que manifesta-se de forma exagerada para o grande público e é o peso que acompanha os conservadores na balança da hipocrisia humana.

Enquanto isso, tu só assistes esse falatório que tenta justificar a minha vontade de gritar e gemer sem vergonha de todo esse clímax.
Até penso em dizer-te:Vamos lá e tire tudo!
Você sabe de sexo, você ama sexo, você tem sexo, você quer sexo. De uma maneira ou outra, feliz ou infelizmente.
E não venha negar para o mais próximo que percebe os fatos desconfiado.

Essa sensação nem precisa ser devastadora com toques efusivos a estrassalhar os amantes. O simples ato de respirar e suspirar contra a pele do ser escolhido da noite já traz à tona a vontade de todos virarem apenas um, unidos da forma mais inconveniente se possível.
O fácil vai trazer o famoso 'tédio' em questão de instantes de desejo.
Então respire em mim.

Retirei as restrições e peço a todos que façam o mesmo e divirtam-se do jeito mais promissor.
Só digo que nada foi mais proveitoso do que os toques recebidos impuramente nesta existência tão curta que tive.


quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Transparecer


A voz passa a sair dos lábios
bailando levemente no ar.
Quebrando silêncios diversos
toco até o que eu não quis tocar!
São seus ouvidos.
.
Tu estás a assistir-me pausadamente
e o que se passa em minha mente
é se agrado-te ou estrago este nosso laço.
que acredito infinitamente não ser dos mais fracos.
.
É som e voz tentando acompanharem-se mutuamente
E todos estes agudos gritantes que nem sei mais a quem interessa.
Tão decorrente.
Pulmões arfantes... e sei que estás a vigiar meus milímetros.
És vagaroso
penso que enxergarás até meu canto de pele mais íntimo.
.
Estamos naquele bar-café da esquina mal frequentado
e não é surpresa algumas lâmpadas estarem queimadas
sentada no meu banquinho sem um violão ao lado..
devido à falta de tempo dedicado à música amada.
.
Lugar vazio.
Só a voz dos lábios e seus olhos que teimam em ouvi-la.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Tratar a chagas...


Nunca seguiria carreira médica.
Sim, sempre comentei que não suporto que falem de sangue e agulhas, embrulham-me o estômago!

E olhe, que tempos atrás quando não havia uma personalidade formada em meu ser, pensava que seria gótica! hahaha
E procurava no fundo deste meu corpinho alguma vontade de adorar sangue.
Não funcionou como já podem ver.

Mas todos estes desgostos e repugnâncias que rodam a minha cabeça não são os motivos de não apreciar a área da saúde.
Vocês imaginam aqueles seres que adornam seus corpos com aqueles trajes brancos límpidos a chorar?
Faço esta pergunta pois ontem, no domingo entedioso de sempre, vi uma cena em que a doutora bonitona derramava aquela única lágrima estratégicamente posicionada durante um momento qualquer.
Penso que médicos precisam ser levemente desalmados e frios.

Ah, não quero ser preconceituosa nem subjulgar! Mas pense! Eu não conseguiria perder um paciente e não debulhar-me em lágrimas!
Muito menos ver todo o sofrimento do ser humano e permanecer ali frígida.
Tu darias uma notícia de morte sem chorar?


Nem sempre parece, mas sou realmente emocional.
A cada segundo me aparecem vontades estapafúrdias!
Incontroláveis!
Se obrigarem-me a controlar todos este descontrole dentro de mim algum dia, e virar uma médica, desculpe meu bem, jogue fora minhas cinzas então!