terça-feira, 29 de março de 2011

Vidinha


Talvez eu tenha a mania de esperar por finais felizes,
esperando que o meu final se espelhe nos tais.
Quando na verdade, eu quero que nunca acabe.
Só comece, e continue, sempre.

terça-feira, 15 de março de 2011

Gripe.



Grita o peito.
Fala demais nas madrugadas,
propositalmente para cutucar
os vizinhos cutucadores.

Mal pra eles, mal pra mim
que explodo quase em sangue
na tosse da doença da minha prisão

Doentes somos nós todos.
Que importamos e exportamos
a valência que a vida deveria ter.

Se Deus existe,
ele é o catarro na minha garganta
que coça e incomoda.
Pra ser cuspido e afundado do ralo ao cano.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Laranjar.



Esse ventinho cheio cheio de arrepio
Na sacadinha da alegria
Do primeiro dia de outono.

Luz serena,
Me fazendo tua nas folhas secas
No frescor das tardes de fleuma.

E todo o cinza, misturado aos marrons
Laranjas
É felicidade anunciada.

Amor.



Em uma música no salão do silêncio,
eu vi seu rosto se aproximar de mim.
E nem me lembro da chegada, do início, do dia;
só me lembro de ti.

Nosso sambinha estocado em todas as prateleiras.
Do nosso jeitinho, colado a ouvidos
sensíveis ao descobrimento de sentimentos.
Apenas um compasso lacrado de amor.

Ansiosos os olhos de quem desaprendeu a ver,
parados nos semelhantes tão gentis
que acalma a vida passageira de outrora...
Deitados, nós a nos olharmos.

Tocamos mutuamente a mensagem que trocamos,
em um segundo de pura luz que ilumina nosso breu de sempre.
Nós nos entendemos por que não precisamos acreditar...
Em futuros, certezas, promessas, passados e padrões.

Só ouvimos o som de balanço.
Do nosso canto.
Nas paredes invisíveis que nos protegem.