segunda-feira, 5 de setembro de 2011

No tempo que me tens...


Poucas horas e nada mais
é o que se precisa
para saber que se vive
e pode-se cantar.

Começo meio e fim numa noite,
para os nossos braços soltos,
nossas cabeças,
línguas e orelhas.

Animosidades locais.

Encontros.
Doce de bala,
amargo de cerveja,
salgado do teu suor.

Posso rir
do descontrole,
jogar alto e nem mesmo saber
se um dia voltará.

Só poucas horas bastam
pra quem a tanto tempo
só aprendeu a esperar.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Sabores



E toda aquela vontade de ser feliz onde foi parar?
deixei sorte inteira pendurada lá pra trás.

Onde está o sorriso de canto que foi feito vapor no sofá?
Nem adiantava pra limpar a mínima sujeira do ar.

Quedêle a minha vitória de fim de história?
Onde todos sorriem em frente da câmera e então eu fodo a escória?

Você me explica aqui,
que a nossa vida foi feita de bem mais que a adocicada letra de poema que um dia sonhei.
E eu aceito e pimenta e o limão, no ardor que deveria ser o verdadeiro amor.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Simples enxergar


E no momento que coloquei meus óculos novos,
enxerguei.
Cor, céu e folhas...
o branco tem brilho afinal.
Mais que ver, enxergar,
Eu olhei.
Para baixo e cima, demais contornos e quadrados.
Notei.
E será que o belo agora não seria belo antes?
Grande desculpa os míopes têm.
Esquecem do mundo a sua volta
pra não precisarem ver ninguém.
Não era o grau, era eu.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Morte da leitura de amor

Quintana me falava de umbigos alheios
e muito amor para dar
centralizado num buraco de anseios
mar e brisa diluídos no ar.

Suspirado foi o zelo de leitores,
empoeirados no tempo de solidão,
matinados na vida sorrateira solteira
de quem quer o sim e faz o não.

É o fugitivo constrangido sem veias honestas
e só resta a companhia lunar.
Que sem lobos nem choros,
corta veia e esvazia a ceia da pudica que morrerá.

Inocência
da alma frívola
queimada até a última cinza.

terça-feira, 29 de março de 2011

Vidinha


Talvez eu tenha a mania de esperar por finais felizes,
esperando que o meu final se espelhe nos tais.
Quando na verdade, eu quero que nunca acabe.
Só comece, e continue, sempre.

terça-feira, 15 de março de 2011

Gripe.



Grita o peito.
Fala demais nas madrugadas,
propositalmente para cutucar
os vizinhos cutucadores.

Mal pra eles, mal pra mim
que explodo quase em sangue
na tosse da doença da minha prisão

Doentes somos nós todos.
Que importamos e exportamos
a valência que a vida deveria ter.

Se Deus existe,
ele é o catarro na minha garganta
que coça e incomoda.
Pra ser cuspido e afundado do ralo ao cano.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Laranjar.



Esse ventinho cheio cheio de arrepio
Na sacadinha da alegria
Do primeiro dia de outono.

Luz serena,
Me fazendo tua nas folhas secas
No frescor das tardes de fleuma.

E todo o cinza, misturado aos marrons
Laranjas
É felicidade anunciada.

Amor.



Em uma música no salão do silêncio,
eu vi seu rosto se aproximar de mim.
E nem me lembro da chegada, do início, do dia;
só me lembro de ti.

Nosso sambinha estocado em todas as prateleiras.
Do nosso jeitinho, colado a ouvidos
sensíveis ao descobrimento de sentimentos.
Apenas um compasso lacrado de amor.

Ansiosos os olhos de quem desaprendeu a ver,
parados nos semelhantes tão gentis
que acalma a vida passageira de outrora...
Deitados, nós a nos olharmos.

Tocamos mutuamente a mensagem que trocamos,
em um segundo de pura luz que ilumina nosso breu de sempre.
Nós nos entendemos por que não precisamos acreditar...
Em futuros, certezas, promessas, passados e padrões.

Só ouvimos o som de balanço.
Do nosso canto.
Nas paredes invisíveis que nos protegem.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Tarde


Nada melhor do que simplesmente fumar na janela do meu quarto, olhar as paredes dos apartamentos alheios e vagar nos céus que eu não enxergo.

O silêncio das 4h da madrugada.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Era.

Choro para sempre, a perda do que não foi.
O gosto desconhecido, o rancor não dito.
A risada perante a comida queimada, que não foi assada.
A preguiça de arrumar a cama amarrotada, cheia de sexo, que nem foi usada.
A mordida e a cócega dilacerante, que eu nunca gritei para interromper.
O pedido para trocar de posição e aliviar as pernas que estariam dormentes.
A exaustão completa até a perda da fala que tu me darias.
O repouso em meu seio na madrugada que nem anoiteceu.
A piada sem graça que nunca ririas.
A nossa fuga completa para o inexistente.
Para nós.

Derrete


Calor extremo
chega a colorir.
vejo o amarelo mofado
o broze de sal.

Luz demais,
vento insuficiente.
Barulhos -
moscas no meu quarto.

Pó que voa,
baila dentre a janela...
Espetáculo aqui;
lá, gruda na suada
pele, porra, singela.

Cabelos desbotados,
vermelha pele
descasca.
Escassa água
molengadeira.

Perdi
té consciência.
Goteja laje,
enobrece a safadeza.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Abrir fechar, bocas a mais.


Tão fugindo, todas as palavras
Tão qual é a rota precavida
É tua estrada.

De cor é
letra da música,
composta de ti.

Pior pra mim,
sem memória
Para repetir...
dos teus lábios sábios.

Minha última canção.

Uni,
as frases nossas.
Sem vergonha mais.

Não pergunto,
nem toma a resposta.
Pois nada restou além
De um toque de beijo.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Elo perdido



Meu querido amigo a quem canto de dia
Sonho sábio da noite
Suspiro de entardecer.
Vejo teu rosto vazio de tanto tormento
E me puxo em dizer
Que nada é mais breve que o sono
Igual ao conforto
De não me ceder.

meu quarto


Quatro paredes e mais tetos do que deveria.
É presa, é um pouco sujeita a miséria de espírito
Que entrego todos os músculos por que
Tangos de música e tanto jazz não sustentam.

Mude-me,
Pois a mobília não foi suficiente.
Pegue-me,
Pois o chão não salvou nem o passo confiante.

Escrever não é o bastante,
A solidão me cabe mais quando deito
E abro
Cada verbete que escondi por trás da língua.

Água jorrada na fronha amassada
Atormenta minha cabeça.
Falei de nós, tão rouca em prol
De sanidade perdida.