sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Escolhi ser como ela


Um amigo da família disse-me semana passada que eu sou o meu pai por fora...
E minha mãe por dentro.
Os olhos verdes, a estatura, a brancura, as mãos e pés pequenos, os lábios grossos e também o nariz grande(que tanto incomoda-me) foram copiados de minha família paterna.
Porém, a capacidade de respeito as diferenças, a vontade de escrever, de desenhar e o prazer de ousar foram frutos vindos de minha amada mãe.

Talvez seja total imaturidade minha, nem bem comecei a socializar-me. Contudo, eu acredito nas pessoas. De certa forma.
Eu dou chaces, eu perdõo, eu até estendo a mão...
Eu valorizo até a última gota de sangue os meus amores! Não serão riquezas que farão o meu futuro vingar, apenas servirão de complemento para facilitar meus empreendimentos.
Meu pai diz que sou burra por perder meu tempo com os outros... "Afinal, eles não pensaram duas vezes em te deixar para trás" sempre retruca!

Como tem a cara de pau de mandar-me esquecer aqueles que amo??
De superar essas 'pessoas' e seguir com os meus deveres?
Seria como amputar meus membros superiores e inferiores, amarrar-me em uma cama e impedir-me de fazer a única coisa que faz-me sorrir: amar incondicionavelmente!

Não tenho arrependimentos por ter ajudado uma amiga, ter dado colo literalmente e ter comido um pote inteiro de sorvete com calda para afogar as mágoas alheias.
Dúzias de vezes tentaram separar-me de meu melhor amigo, sem procurar entender o que o meu coração me dizia! Realmente não sou igual aos outros... eu tenho tantas certezas e ninguém acredita que eu acredito nelas.

Sei quem amarei, com quem estarei, os que serão eternos... sempre com os seus sentimentos fraternos.
Não culpo meu pai por tamanha desconfiança e certeza de que as pessoas estão sempre tramando sorrateiramente. Ele já está ficando velho fisicamente, além de ter sido criado com um pensamento levemente velho!

Ainda pensa que gays não prestam, pois acha que a maioria tem aids, e vão acabar todos mortos sem explicação num apartamento do subúrbio.
E eu sou obrigada a ouvir isso com uma grande frequência.
Dói ouvir ofensas a quem eu tanto admiro! Ôô povo que luta e não perde a peruca! São os que mais alegram esse mundo cinza de hoje em dia.

Quem não os respeitam e não aceitam, é por que não conseguiu se encontrar! No momento que alguém se descobre e escolhe um caminho, percebe que tantos outros indivíduos serão contra ele e até o repudiarào.

Mas a covardia de se mostrar impede isso não é mesmo?


Podemos chamar esse texto de desabafo afinal.
Tantas as porcarias trancadas em minha garganta querendo escapar!
Quem sabe um dia ainda grito para o mundo.


Eu sou a evolução de minha mãe.
Que orgulho.