terça-feira, 26 de agosto de 2008

Confesso não poder confessar-te



Tudo anda me levando pro ponto de partida.
Tava dando tantas voltas que até tontiei.
E eu que sempre amei escrever, fiquei muda dessa vez.
Eu briguei aqui em casa... por motivos que só eu sei, só eu sei.

Todas as pessoas têm problemas e demoniozinhos internos.
Como não os mostrei a ninguém,
Cabe a minha pessoa enfrentar certas conseqüências.

Disseram-me: Não quero mais corroer por dentro com mentiras, esconde-esconde, dissimulação, fingimento ou seja lá o que for.
Tô de mentirosa na história, pois já menti antes.

Não culpo ninguém, nem a mim.
Sou vítima, se me permites falar;
não entendes, pois não explico-te.

Assim permanecerá, já que não consigo nada confessar.
Minha dor será só minha,
e se precisamos de uma separação
chorarei sozinha e tu chorarás sozinha.

Desculpe-me por ser tão fria
Não é nada pessoal.
Talvez um dia tu entendas
que minha cabeça é mais complexa do que deveria.

Admito covardia e egoísmo
pois meus distúrbios sufocam-me a ponto de esquecer-te.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Escolhida.


Com tantos defeitos. Entre os mais belos e ricos pareço diminuída.
Mas aindá há os admiradores contantes,
Sou Lisbôa.

De todos os tantos, nasci o mais traiçoeiro. Com um poderoso veneno que ataca por trás. Poderia ser duplo como Gêmeos, ou indeciso como Libra. Porém sou Escorpião.

Nas estações, comemoro anos na mais colorida e irritante de todas. Espirro contra o pólen e tanta simpatia da natureza chega a entediar. Queria tanto o outono, ou até o inverno... mas fui mesmo na primavera.

Sou mulherzinha e tenho que fazer xixi sentada. Como homem não me preocuparia tanto com o amor. Infelizmente sou XX.

Entre os elementos, dizem que sou água. Pena que não gosto de praia e não tomei gosto pela natação. Até parece que sou fogo, com um diabinho sempre me perseguindo. Melhor mesmo seria o ar para me libertar e voar longe.

Apesar dos candidatos Laura, Raquel e Melissa, escolheram Júlia, o meu preferido.
Não teve versões masculinas.
Mamãe sabia que seria uma menina.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A história de Sophia [2]


Muitos já viram ou ouviram falar sobre o filme “Aos 13”, onde adolescentes se perdem e depois tentam com muita dificuldade se achar entre um quarto bagunçado. Meu momento de perdição coincidiu com o abordado no filme, da mesma forma que perdi bastante tempo para uma luz no fim do túnel aparecer. Não me droguei nem virei promíscua. Eu virei um vazio contínuo que me matava e não queria ir embora. Eu perdi a única amiga que tinha, eu vi minha família se desfazer, eu tive problemas com notas do colégio e me meti em encrencas. Não me chamo de típica adolescente por que adolescentes são os seres mais instáveis e mutáveis que já vi, são algo de total atípico.

Uma das coisas que eu mais queria era deixar de usar óculos. Eles me incomodavam por demais. Com 13 anos eu já tinha deixado de lado as malditas cordinhas, afinal não gostaria de ser a gozação de jovens sedentos por atos maléficos. Eu me achava muito feia com aqueles aros estranhos que faziam o meu nariz coçar, eu sabia que nenhum guri queria me beijar por causa daqueles aros. Então eu comecei a ir sem eles para as festinhas do colégio, e eu nunca soube se algum guri me olhou com alguma segunda intenção, até por que eu não enxergava a um palmo à minha frente. Esse trauma foi grande, apesar de muitos acharem engraçado, e só aos 20 anos eu comecei a gostar de usar óculos. Não, eu não passei como uma cega durante todo esse tempo; aos 14 anos ganhei minhas primeiras lentes de contato e fui em várias festas de gala com toda a confiança que eu queria ter. Lembro que os caras achavam que eu era mais velha e não acreditavam quando eu dizia ser tão nova. Achava aquilo o máximo e nem percebia que eu poderia me aproveitar da situação, eu realmente era ingênua.

Desde a primeira série eu costumava gostar de alguém, às vezes um por dia ou por semana... Mas no ano das lentes de contato, eu me encantei pela primeira vez e recebi a primeira promessa de um telefonema no dia seguinte. Foi em uma festa de alguns amigos da minha mãe e eu era a única “novinha” presente. Claro que todos os homens olhavam muito para a minha pessoa, cabelos presos em um coque, um vestido verde água sem mangas e as pernas de fora. O papo da festa foi a surpresa de descobrirem a minha idade, chegava a me irritar essa importância de números, NÚMEROS. Então quando fui pegar um copo de refrigerante, acabei sendo grossa com um cara que me oferecia uma cerveja. Voltei à sala principal, sentei de cara amarrada e o tal cara sentou do lado perguntando se eu tava braba. Disse que não, que era só uma dor de cabeça passageira.

Ele tinha 21 anos, eu 14. O nome dele é Paulo e descobri que meu pai era chefe dele. O interessante é que foi uma tremenda coincidência e ele não conhecia quase ninguém da festa, muito menos a minha mãe, separada a muitos anos, que tava ali quase de penetra. Falando na minha mãe, ela ficou bêbada e eu tive que ir embora... deixando pra trás um número de telefone e um rosto na cabeça.
Viajei no dia seguinte sem receber o telefonema e passei quase um mês com um recorte da revista mensal da empresa onde meu pai trabalhava. Ali mostrava os estagiários novatos, entre eles, Paulo.

Pena que ele era muito mais velho e só tava brincando comigo. Resolvi fazer charme e esnobar. Eram lindas as caras que ele fazia quando eu caprichava na produção e fingia não enxerga-lo. Meses depois eu o vi em uma festa e dancei até quase desmaiar pensando que assim mostrava alguma satisfação. Ele não agüentou até o fim e me pegou pela cintura cochichando no ouvido por que eu tava fazendo aquilo com ele. Naquela noite aprendi a dançar em conjunto do corpo de um cara chamado Paulo, dei um tchau e virei as costas.

Não vi mais ele, deve ter sido demitido. Pra falar a verdade, vi-o sim... Esse ano, numa rua do centro.
Ele engordou muito.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

A história de Sophia [1]


Minha mãe resolveu me dar esse nome, Sophia, por que achava bonito a filha estar associada com inteligência, sabedoria. Infelizmente eu não tenho orgulhado o sentido do nome e nem lembrado das mazelas da minha mãe.

Tive um dia inútil devido a uma tremenda dor de cabeça, palpitante desde ontem à noite. E o mais irritante foi que eu queria não ser tão inútil hoje... Ressaltando que eu preciso admitir que meus últimos dias permaneceram entre a cama e a televisão tão vergonhosamente. É essa coisa de férias e de dizer que não se tem o que fazer.

Pra culpa tentar desinflar um pouco, quando a minha mãe pôs os pés dentro de casa, fui direto em direção dela e dei um abraço... Dizendo: “- Tava com saudade de ti.” - Não é pra parecer boazinha nem nada, até por que eu não costumo ser assim, foi um impulso de alguém que se sente mal por algo que nem sabe direito o que é.

Lendo de novo o que eu escrevi até aqui, fico dividida se me acho fútil, metida ou se me chamo de coitada. Só que sinceramente eu sou só complicada e as vezes começo a filosofar de mais coisas que não importam... E a “Sophia” que é bom nada... Sempre gostei de escrever e tentar ser criativa. Parecer ao menos! Desde a época da escola sou assim, tentando parecer. É que eu era do tipo nerd de óculos com aquelas malditas cordinhas que mães colocam pro filho não perder o dito cujo. Ninguém queria ser meu amigo de fato por que eu era muito entediante aparentemente. Foi ai que eu comecei a tentar parecer, foi onde tudo começou, inclusive tudo que fosse óbvio.

A maioria das crianças são simples. Elas brincam e imaginam coisas que não existem, tem as certezas mais absolutas do mundo por que elas mesmas as inventaram. Eu era tímida e imaginativa também, com o diferencial de ter sempre dúvidas complexas. Eu não era como as outras e isso não me ajudou na chegada da adolescência também.

Minha mãe me acha problemática hoje; eu acho que fui libertada e que antes eu era alguém com problemas. Ah, não falei ainda do meu pai. Ele é bem amoroso, mas protetor demais pro meu gosto, e discorda em quase tudo o que eu penso. Ele não sabe disso por que eu sei disfarçar bem, porém meu limite parece que pode estourar de repente sem aviso prévio.

Minha melhor amiga lê quase tudo o que eu escrevo, inclusive esse texto enquanto ele está sendo feito... E ela ta me mandando parar de mentir e dizer logo o que ta chicoteando meus nervos.
Observação: Eu não menti, só não direcionei o texto pro ponto que eu quero... Ainda.