sábado, 24 de novembro de 2007

fervente


É no banho que mais sinto falta.
Água forte, grande pressão,
minha pele lisa naquele azulejo
distração... e quase vou-me ao chão
cadê a tua grande mão cálida?

Escorre de mim todo o furor,
comporto-me molemente.
Chego a lembrar do toque
por baixo desta água quente
minha pele tão branca
já está a mudar de tom

Torno-me avermelhada,
mas já nem sei o motivo.
Rubor pelo embaraçamento de lembranças?
Ou a temperatura deste box no qual me iriso...

Ah quanta besteira!
Tanta falação por uma carência.
Músculos relaxados,
vou abrir a torneira ao lado.
Solto um gemido aflito
e agora é outro sentido que sinto

É água correndo ralo abaixo
são vontades indo
e no lugar só o meu frio.

domingo, 18 de novembro de 2007

Poema triste




Não quis me importar.
Só deixar sentimento por ai,
bambolear nos travesseiros
pensando no pôr do cais.

Deitar no breuzinho do quarto
esperando até os mirantes marejarem,
lágrimas encaminhando-se para o meu traje.
Amanhã tomarei um trago.

Molhar a garganta
de tão ressecado o resto...
Esquecer que estivemos tão perto,
lembrar de esquecer que a lembrança não adianta.

Escrevi um poema triste
exatamente como não queria,
canso de reclamar da vida.
Defeito meu que me inibe.

Sonharei com o gasômetro,
seu frio num leve suspiro,
Nós papeando...
E o sol morrendo no "lago-rio".

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Presente não dado


Fiquei dando passos enquanto tinha relapsos,
entre balcões e prateleiras,
sem saber o que olhar.
Nem sabia o porquê daquele ambiente,
mas a tua lembrança estava no corredor de trás.

O fato de ter pensado em ti fez-me mulher:
Ser humano que retira-se da santa paz,
volta ao passado que não passou,
balanceia e permanece em pé!

Era presente de mim para ti...
Era como no meu sonho,
em que te entregava um singelo pacote
e entre risos e agradecimentos,
tu teimava em olhar meu decote.
Era o nosso tempo.

Eu sinto a falta disso,
apesar de não ter acontecido ainda.
Eu sinto a tua falta,
apesar de não ter te conhecido ainda.

Tudo que eu posso te adiantar
é que maçãs-verdes me fizeram escrever.
Catei 4 belos e formosos exemplares da fruta,
saí do mercadinho em direção de casa
cheirando... culpa das maçãs... culpa tua!

Esta sou eu querido...
Junto da maçã-verde que desfruto.
e talvez seja presunção nossa,
mas achamos que tu deseja ter nós duas em tua boca.
Talvez penses que sou louca,
mas esta acidez entre meus lábios
faz-me pensar em tantas coisas...