domingo, 13 de abril de 2008

Formato


Violão na mão dele
indelicadamente.

Como se segurasse o corpo da ex amante.
Ele acaricia e amacia,
torna afinado e depois desafina
inacabado como antes.

Tocando as cordas
puxando e soltando.
A boca ao microfone bufando
enquanto ele transpira.

A precisão nas mãos
tremelicando dedos nas curvas amadeiradas.
Olhos chapados,
baixos
como estavam depois de seu último orgasmo

Solta um grito abafado
que mais parece um gemido fingido.
Roça o objeto por todos os lados
depois esquece a noite que teve comigo.

Afinal, meu corpo nunca foi violão,
tava mais pra pêra.