domingo, 28 de outubro de 2007

Sonho de uma noite


Achei-me perdida noite passada
entrelaçada entre braços e abraços.
despida de vergonhas
beijando amigos, fazendo novos laços.

Rindo a toa,
roubando a coisa que não se compra.
Afeição no sorriso de quem virou minha sombra.
Meus acompanhantes rebelam-me,
revelam-me.

Ah, rodopiando nas ruas,
bebendo, flertando...
Até que chegamos a um ponto
em que estamos em algum canto
enamorando, os lábios tocando.

Era noite, era verão...
Sei que são desculpas,
mas o calor causou toda aquela apoupação.
Ah, brincadeiras dessa nova estação.

domingo, 21 de outubro de 2007

Adornos







Espelho meu...


Visto-me de futilidades a enfeites da cabeça aos pés.
Uma decoração corporal em que me viciei para sempre.
Mudo olhos, mudo boca, mudo cabelos.
Pinto, cubro, desboto,
eu vigio os meus poros.

Podes dizer o que te vier a cabeça,
podes chamar-me de falsa e fingida.
Eu já sei o que tu pensas.
Vais dizer que eu engano.
Ah! Eu não importo-me com tua falta de encanto.

Apesar de todos esses adornos,
Garanto-me como figura bem quista nos meios populares.
Sei que o essencial não é visível
como o som da risada vinda de dentro dos lares.

Estás vendo só a capa amigo.
Deixe-me baguçar,
passar o batom, o pó, o rímel..
Deixe-me rebocar!
É só conforto pessoal,
tudo dando vida e mais cores à pele pálida,
cuja a tez parece tão fria e ensolarada.

Serei assim,
afugentando imperfeições.
Na pele, na vida e nas paixões.
Estou cuidando de mim.





Não vivo sem maquiagem.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Meu querer


Olhas corpo de mulher, definido em explícita metrificação de beleza, intensamente extensa.
Estás encantado com tamanha sinuosidade sintuosa.
Cada curva em que teus olhares resvalam, enquanto os quadris dela se encaixam.
Ah é bela forma enquadrando-se em meus esquadros.
Tão graciosa criatura necessita saber de mais uma conquista, totalmente merecida.
Está em mais uma cabeça pensante e ofegante.
Ela é tua, homem.
É minha.
Confinada em meu conciente totalmente lúcido.

Ela tem cabelos ondulados e cor de cobre, lábios rubros e olhos esverdeados.
Pele tão alva e serena.
Então por detrás de tão pacífica figura ingênua...
Ela mostra-se afogueada com aqueles seios encarnados.
Tocando a si mesma com seus dedos arqueados.
Seu suor já torna os lencóis ensopados...
Olho ela e vejo em seu indivíduo o diabo selado.
Ela não tem mais chances de salvação.
Diga-me ó senhor que todo este meu desejo não foi em vão.

Só resta o homem e eu na saleta onde encontrávamos todos.
Todos os três.
Éramos.
Apenas duas mentes sobraram para permanecer pipocando,
observando entre holofotes.
Qual será o mais belo e singelo
caminho condutor da satisfação?

Após ela..
A única coisa que quero
é poder querer
sentir um pouco mais do melhor prazer.



quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Bailando


Os segundos passaram, para assim eu poder escrever. Nos segundos de vida mudei, cresci e me transformei.
Sou semente a verter nestas letras.
Escrever como eu sou, essa total falta de simetria. É a minha grande falta de rimas.
Meu desejo, sem contornos ou bordas delimitantes, que fazem barreiras com o desconhecido!
Isso me lembra...

Outro dia desses...
Assisti tão bela dança!
Esta que é chamada de contemporânea.
Homens, mulheres.
Corpos a tocarem-se, a esbarrarem-se...
e a fugirem simultaneamente
de forma tão revoltante.
E são tão descordenados e belos.

Fiquei parada, olhando os corpos brancos e pálidos.
Brilhavam eles sobre a luz vermelha que batia em cada músculos e pele,
formando sombras rígidas.
Rigidez vinda das horas de bailar.

Toda essa lembrança contente, faz-me procurar jogos de palavras.
Quero que soe bonito,
que tu enxergues conflitos,
e que agora esqueça tudo o que foi dito.
Para pensar nas próximas palavras.
E pensar.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

seios


O grande problema desta história toda de se escrever sabendo que qualquer um poderá ler, é pensar nesses todos, quaisquer que sejam, pré julgando meus sentimentos e descontentamentos.


Minha instabilidade no reciocínio afrontando-me.
Falar sobre o que faço,
falar sobre meus estardalhaços,
e sobretudo, todos estes meus laços.

E como analisam-me!
Um feito comum entre meus semelhantes.
Fico tão reativa a esta injustiça

Assim, aos poucos vou perdendo minhas coragens.
Não admito... não mais os meus amores.
Estou tornando-me covarde.
É ciúmes,
são dores.
É insegurança,
é inveja,
são meus melodramas.

Tenho receio de dizer que temo...
e que busco carícias para os meus seios.

cheiro


Após aquela tua imprevista perseguição à minha pessoa
tuas tantas táticas de convencimento
acabo sempre encontrando-me onde tu te encontras.
tonteando-me apenas por lembrar do cheiro do incenso.

Misturo velhas lembranças
com tuas velhas histórias
ainda sou tão criança
nesta não tão diferença simplória

Bebidas e bebidas,
doces licores...
Tentando tocar-me tantas vezes seguidas
falando de teus amores.
É algum desconforto que abre a ferida
provocando a não distinção dos sabores.

Não saber dizer não
no meio de todas estas tuas flechadas.
E eu quase te pedindo perdão...
Estou fingindo liberdade de fachada;
contudo a culpada é a falta de aptidão
que deixa-me assim.. tão fechada.

Agonizante agora..
é perceber teu cheiro em todos os lugares,
como água da chuva que do asfalto aflora.
É perceber meus sentidos em pleno embate!
Pequeno olfato tentado irradicar-se
e arremessar-se em alto mar sem resentimentos covardes.

Fujo de todos os cheiros
assim como faço com a maioria dos beijos.
No momento, prefiro a solidão e meu anseio
ao invés de possuir um corpo doando-se por inteiro.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Brinquedos e doces




Lembro com tantos detalhes daquele lugar onde passamos tantas tardes a brincar.
Era um brinde à felicidade.. e brincávamos de paganismo sem saber ao certo se acreditávamos em algo além de nossos umbigos.


Era amor doce de açúcar caramelado grudando nossos dedos para eles nunca separarem-se.
A eternidade nos esperava.
Eu entornei toda a minha felicidade sobre tuas feridas.
Eu catei os cacos que se desprendiam de tua pele cuidadosamente e os colava de volta com Coca-Cola, teu grande vício naquela época.

Em algum segundo achei que haveria mais futuros neste mundo de fantasias.

Eu estava a salvo ao teu lado, atrás daqueles muros que criamos com todos aqueles gibis e cds bregas da infância.
Contigo ouvi a primeira música em francês, contei e acreditei nas primeiras mentiras.

Nós caímos por todos os lados e nunca choramos pelo que foi enterrado vivo.
Foi semente.
Anos enterrada e crescendo para aflorar em algum novo segundo.
Durante todo esse tempo nem sabíamos por onde andávamos.

Dias, meses, anos... Eu me protegi.
Proteção dada ao meu coração através do sentimento de nostalgia, e tudo por causa de toda essa afeição e apego que nunca esqueci. Algo bateu em nossas cabeças e percebemos que não havia motivo para todo este desentendimento sem o mínimo fundamento.

Como crianças que acabaram de se conhecer, cada novidade vira um brinquedo ou um doce... Redescobrimos nossa história que transforma-se em uma felicidade notória.





quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Espaços


"Quero que tu cantes comigo"




Lembro-me perfeitamente desta frase.
Foi um bonito convite de aparência sincera e agradável.
A princípio imaginei a cena e até ouvia nossas vozes encerradas dentro do barzinho.
Fiquei feliz e já pensava nos arranjos e na música escolhida.
Um lindo dueto... como Björk e Thom yorke cantando ' você não viu elefantes, reis ou Peru...'

Hum... linha de raciocínio cortada pela lembrança de haver um porém!

Um pequeno detalhe veio à tona e com ele, de acompanhantes, o desânimo e a desistência da nossa linda cena.
Sei que tu ficarás desiludido e tristonho... sem conseguir compreender o que se passa em minha cabecinha agitada.
Porém eu afirmo-lhe que tenho apenas duas certezas nesta vida: a de que este nosso plano de atuação em conjunto não dará certo e que todos morreremos...

Não te irrites...
Vou tentar explicar-me..
Encanto-me com tua banda e esta criatividade, que tu mostras para mim cada vez mais em cada minúsculo som a misturar-se em meus tímpanos.
Contudo, não há espaço para minha pessoa neste teu agrupado de gente a serviço da arte.

Olha bem para os teus companheiros...
Entre figuras masculinas despojadas de frescuras, existe uma pequena criatura com mais curvas e delicadeza do que pensávamos ter visto na primeira olhada rebuscada.
Linda mulher aquela que esgueirou-se para dentro de teu mundo e que chama todas as atenções para sua pessoa.
É o toque suave que faltava para equilibrar virilidade e beleza nesta música que escuto.

Enxergas agora?
Não há espaço para nós duas convivermos em harmonia; sem desprezo, ciúmes e disputas infantis...
Tenho orgulho suficiente para admitir que não pertenço a este grupo.
Peço teu respeito perante minha decisão ,pois sabes que estou certa.
Desejo-te sorte! Saibas que sempre estarei onde tu estiveres para ver-te cantar e tocar ao lado da outra mulher.

Mulher esta que está ao teu lado, contudo não dentro de teu coração, pois este espaço achei primeiro e estava vago.