quarta-feira, 28 de maio de 2008

Entre vidraças


Sentada na cama enxergo o meu vizinho,
só uma vidraça me cobre.
Então uma peça de roupa tiro
e a janela do vizinho parece tão enorme.

Há velas no meu quarto
iluminando a pele nua,
há só os cabelos curtos batendo na nuca
enquanto meu vizinho disvirgina o seu tato.

A penúmbra da noite
aquece a minha palidez
e o músculo dele é pura rigidez.
Tudo se faz à nossa fronte.

Algo me diz que isso é puro perigo,
mas em casa sobre um teto, um abrigo;
eu me abro de toda,
eu bebo até ficar zonza.

O olhar concentrado dele desvia
e outra luz da casa acende.
É a esposa e a filha
que chegaram mais cedo infelizmente.

Eu deço as escadas para o jantar
e depois farei o dever do colégio.
Tudo assim que tirar a malícia do ar
e a vontade de ir pro inferno.