domingo, 11 de maio de 2008

Tilintin


Tudo parece uma percepção sólida e vaga,
pontos certos e tantos outros borrados.
Encantadora.
Eu enxergava as cores de forma lúcida,
embriagavam-me os brilhos
e tudo era tão lindo.

Fui uma criança com uma só visão.
E então, via todas as coisas do mundo.
Estando inseguro, pousava em pétalas no escuro
enquanto alguma fada invejosa
iluminava um ponto perdido.

Segundos viraram trambolhos da memória,
ocuparam parte de minha vida
e ofuscando uma seriedade
abrem um sorriso em meu rosto.

Hoje, se a beleza
parece-me tão fragilmente desmontada,
culpo os olhos míopes.
De um jeito cega levemente,
parei de ver nitidamente
e nada parece como antes.

O que tinha gosto de felicidade,
hoje tem gosto de açúcar
e apesar de sorrir o sorriso mais aberto,
quero chorar e sentir a mão de mãe
acariciar meus cabelos e peito,
como na primeira vez que lembro não lembrar mais.